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  • Day 5

    Ciudad Perdida - Second day

    November 30, 2017 in Colombia ⋅ ⛅ 21 °C

    Apesar de acordarmos cedo, dormimos o suficiente. Depois de um bom pequeno almoço com ovos mexidos e fruta, seguimos caminho. Íamos parar às 10h e pouco para um mergulho e almoçar num acampamento.
    Foi uma manhã relativamente calma, em comparação com o resto. Começamos a ver cada vez mais indígenas no nosso caminho e inclusive passámos por algumas aldeias. Afinal moram 40000 indígenas na serra Nevada, dividido por 4 tribos.

    Cada família tem uma casa para os homens e outra para as mulheres em 4 localidades diferentes para não esgotar os recursos naturais.

    Aos 16 anos os homens são iniciados para entrar na idade adulta quando as mulheres apenas o são aos 21. A iniciação é feita por um voluntário/a ou viúvo/a que poderão escolher ou não para seu/sua companheira.
    Os homens e as mulheres vestem-se de igual, todos de branco e têm ambos cabelos compridos, pelo que o que os distingue são os colares que as mulheres usam com o ombro a mostra. Para além de que os homens têm quase todos um poporo na mão, uma cabaça cheia de um catalisador em pó para ativar as folhas de coca que mascam.
    Com a ajuda de um taco de madeira, trazem o catalisador de dentro da cabaça para o meio das folhas de coca que têm na boca para criar o efeito desejado. Esse catalisador é feito de um conjunto de conchas específicas aquecidas entre 40 camadas intercaladas de bamboo e posteriormente esmagadas.

    É normal fazerem esse ritual todos os dias antes de dormir junto à lareira, mas também quando estão sozinhos durante o dia. Este ritual permite aproximarem-se mais da natureza e deuses. Secam o taco nas laterais do poporo formando uma camada espessa que vai engrossando. Esse ritual é apenas dos homens, mas só as mulheres é que podem colher as folhas de coca e seca-las, muito espertos.

    Almoçamos num acampamento, demos um mergulho revigorante no rio e continuamos o percurso. Esta tarde foi a mais difícil, parte do percurso era uma hora de subida a pique, com o sol a bater. Só pensas que queres chegar ao fim. É um desafio físico e metal em que já só és tu e a montanha. Não é um percurso em grupo, mas uma superação pessoal. Não vale a pena parar porque só significa que estás mais longe do objetivo, é uma luta contra a fadiga, o calor e o desespero. Mas quando chegas ao topo com uma fruta cortada para comeres suaviza o esforço. Claro que ainda faltava muito para chegar ao acampamento. Para mim o pior tinha passado, mas para quem não faz desporto como o Valentim o resto foi sendo cada vez pior, até começar a ouvi-lo dizer: "caralho" , "Foda-se" como se ajudasse a superar o cansaço acumulado. 
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