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  • Day 13

    Chile, Valparaiso

    August 10, 2018 in Chile ⋅ ⛅ 14 °C

    Saltar cedo da cama para ir ao encontro de Neruda, Valparaíso e Viña del Mar, não custa. Depois de uma hora e pico de autocarro optámos por fazer uma visita guiada por toda a cidade de Valparaíso até Viña del Mar. Desta vez chama-se Guilherme o nosso guia. Faz a visita em espanhuguês e inglês arranhado, mas a sua simpatia suplanta as dificuldades linguísticas. Já ouviu falar de Lisboa e acha que é parecida com Valparaíso. Na realidade, nada tem a ver. O colorido das casas, a arte de rua, o bulício do povo sul americano não se podem comparar à cosmopolita Lisboa. Talvez as colinas, mas mesmo estas são deveras subtis comparadas com as íngremes ruas de Valparaiso. Ele próprio compara algumas áreas com a cidade de São Francisco... talvez se refira aos elevadores, mas também há os funiculares.
    Os olhos comeram as cores da cidade assim como o palato apreciou a empanada de queijo e camarão servida ao almoço na Casa Azul - Cuatro Ventos- encantadoramente equilibrada na falésia com vista para o porto. Faz-me lembrar a Casa das Quatro Empenas, de Nathaniel Hawthorne. Estava um dia de nevoeiro que às vezes fechava como uma parede branca. São estes os dias que tornam o mar misterioso e os vultos dos navios de carga no porto fantasmagóricos. Os vermelhos e brancos estão esbatidos e os contentores coloridos parecem uma aguarela já gasta. Tudo combina com a pátina do tempo que cobre os edifícios de salitre e ferrugem que dão um charme característico à cidade. É outra galeria de arte a céu aberto. Vamos até a La Sebastiana, a casa de férias de Pablo Neruda em Valparaíso. É quase no cimo de um cerro de onde se vê toda a encosta e o mar, mas também mais acima. Esta foi uma terra que pertenceu a alemães, britânicos e franceses, que a foram dividindo em religiões e bairros de arquitetura característica destes países. Até os cemitérios são distintos. Guilherme vai orgulhosamente falando da história da sua cidade e desvendando recantos desta cativante atmosfera. Há miradouros com vistas de cortar a respiração. A única coisa que não conseguimos ver foi o mar. Quando chegamos a Viña del Mar, Guilherme vai descrevendo a paisagem da orla costeira, pedindo-nos um esforço de imaginação. Mesmo na praia, já a pisar a areia, em cima do mar, a visibilidade deve rondar os dez metros... mas um pouco para dentro na cidade é possível ver que nada tem a ver com a cidade vizinha. Podia ser a zona chic de qualquer cidade europeia. Tudo é novo, não há graffiti em lado nenhum e as estradas são absolutamente perfeitas. Visitamos os sítios mais emblemáticos: o relógio de jardim oferecido pelo governo Suíço, o Moai de cerca de três metros oferecido pelo governo regional de Rapa Nui e a arena de espetáculos de música que atrai músicos de todo o mundo.
    Já de volta a Santiago acabamos num bar da Avenida Brasil a comer uma churrillana bem avantajada, que dividimos, a par com dois chopp de meio litro!
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