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  • Day 23

    Perú, Cusco

    August 20, 2018 in Peru ⋅ ⛅ 15 °C

    Cusco é uma cidade a fervilhar de vida. A Plaza de Armas - nome dado a quase todas as praças principais das cidades da América do Sul por onde passámos - é deslumbrante com as suas varandas coloridas de estilo colonial espanhol e as igrejas construídas em cima das ruínas da cidadela Inca de Cusco. No centro da praça está a estátua de bronze de um rebelde Inca que foi aí executado. Cheia de turistas que os locais observam sentados nos bancos de jardim na praça principal. Na verdade é difícil dizer quem observa quem, porque a sua indumentária tradicional permanece, mesmo no mais jovens. Têm orgulho de quem são e envergam orgulhosamente as cores do Perú. O clima é aqui mais extremo e isso nota-se nos rostos curtidos pelo sol e pela montanha. Aqui os Andes elevam-se a três mil e quatrocentos metros, mas é inverno e o frio faz-se sentir. Tiramos o dia para passear calmamente e tratar de alguns detalhes antes de irmos para Machu Picchu - comprar o bilhete de autocarro ida e volta de Águas Calientes para as ruínas de Machu Picchu, o bolleto turístico que nos dá entrada nas principais ruínas Incas, tratar dos óculos do Wolfi que se desaparafusam a cada momento, localizar a agência onde teremos que ir buscar o carro, enfim, ao ritmo do que a altitude deixa.
    Ao entardecer enfio os meus dois casacos de penas por cima de mais três camadas, uma delas de lã merino, comprada de propósito para estas paragens. Passamos pelo Mercado principal como já é habitual e deparamo-nos com um sítio onde se pode realmente comprar tudo. A zona mais interessante é logicamente a que é mais diferente dos mercados portugueses. Vendem ervas medicinais, sei lá quantas espécies de batata e milho e lá pelo meio, umas larvas de inseto que ainda se mexem e que a vendedora me garante que são uma especialidade se as fritar - explica-me cuidadosamente o método - e garante-me que não há melhor remédio para os pulmões. Como se calcula, o meu entusiasmo para esta aventura gastronómica esmoreceu imediatamente no momento em que via as criaturas a contorcerem-se no tabuleiro onde estavam expostas.
    O frio obriga-nos a procurar locais mais acolhedores e o Museu de Arte Popular revela-se muito mais do que isso. É um resumo da história dos Incas, onde o artesanato, a religião e o paganismo se fundem para facilmente dar a conhecer os valores desta civilização que, apesar de ter tido uma passagem tão breve, deixou marcas tão profundas e move o dia a dia das gentes peruanas até aos dias de hoje. Toda a sabedoria agrícola e medicinal deixada pelos Incas é hoje usada na medicina tradicional que se intitula de Triologia Inca - simbolizada pelos Puma, Condor e Serpente. Ou seja, nas ruas existem as cruzes verdes para sinalizar as farmácias equiparadas às europeias, e as Incas, que têm o símbolo com os três animais.
    O estômago ainda não aguenta grandes aventuras, o frio pede também aconchego e todos os restaurantes têm um leque variado de sopas que vai desde a canja de galinha, que aqui se chama dieta de pollo, passando pela sopa de vegetais com quinoa, até aos cremes de milho, cogumelos ou espargos. Diga-se que uma sopa é aqui suficiente para uma refeição.
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