• Maria Marques
  • Wolfi
Tem – Eyl 2018

América do Sul

Maria & Wolfi tarafından 36 günlük bir macera Okumaya devam et
  • Gezinin başlangıcı
    29 Temmuz 2018

    Angola, Luanda

    28 Temmuz 2018, Angora ⋅ ☀️ 25 °C

    Foi só um cheirinho de África entre a avião e o terminal, mas a humidade característica lá estava e o cheiro também. No terminal de partida para voos internacionais tudo está calmo e as lojas não estão muito recheadas de produtos para venda de duty free. Quando se entra, e se pergunta por preços, nota-se logo a tendência para as discrepâncias nos negócios... Tela pintada a óleo 11000 kuanzas (40€)... avental 7000 kuanzas 🤣🤣🤣. Esperamos quase 5h para entrar novamente num avião para São Paulo. Incrível como entre escritas e deambulanços pelas lojas de artesanato angolano, o tempo acabou por passar tão depressa.Okumaya devam et

  • Brasil, São Paulo

    29 Temmuz 2018, Brezilya ⋅ ⛅ 26 °C

    São Paulo é uma cidade de muitos contrastes. Viajámos como sempre: transparentes nas nossas calças de ganga e t-shirts sem marca. Ninguém te incomoda quando viajas assim. Muito ouvimos falar sobre a segurança na cidade e a violência que nos podia esperar. Não sofremos dela, mas compadecemo-nos com ela. Ao caminhar pelas ruas laterais à belíssima Estação da Luz - projetada por um arquitecto inglês, construída na Escócia e expedida peça por peça para ser montada em São Paulo - vemos a degradação humana numa escala que nunca tinha visto. A pobreza extrema aliada à alienação que o álcool e as drogas trazem, a prostituição descarada com seios de fora e a transação a céu aberto dos pequenos furtos praticados por adolescentes que reportam a homens de ar suspeito, choca a nossa mentalidade europeia. Mas esta é uma visão de fim de tarde, em que o acabar do dia e do fim de semana revelam todos os excessos.
    De manhã bem cedo caminhámos pela Avenida Paulista, onde as famílias de São Paulo, de todas as classes sociais, se passeiam de forma alegre. A avenida fecha por completo a partir das nove até às quatro da tarde. Há muitas artérias da cidade que têm faixas exclusivas para ciclistas ao domingo. Mas aqui, na Paulista, tudo acontece. Desde pequenas manifestações contra testes a animais, a demonstrações de academias de kickboxing ou ginástica, passando por grupos de batuqueiros ou os famosos camelôs, vendendo todo o tipo de itens, tudo é possível. O MASP, com a sua presença forte, tem ao domingo uma feira de antiguidades por baixo da sua imponente plataforma e o moderno IMS, de entrada gratuita, alberga uma bonita biblioteca e várias exposições de fotografia. Vale a pena subir para ter uma visão panorâmica da Avenida no seu fervilhar de gente. Os ciclistas têm uma faixa só para eles neste dia e há várias companhias para alugar bicicletas. Patins em linha e skates são também muito populares por aqui.
    Ao fim do dia Vila Madalena abriu-nos os braços com a sua arte de rua de qualidade e os seus bares e restaurantes descontraídos, de uma decadência propositada e muito trendy. É um bairro jovem e animado com música na rua que pode saltar rapidamente da bossa nova ao pop europeu e americano, mas onde se sentem essencialmente os ritmos do Brasil.

    Caímos de cansaço às nove da noite depois de um dia longo e de 17h de voo que o anteciparam 😇.
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  • Brasil - Paraty

    30 Temmuz 2018, Brezilya ⋅ ⛅ 25 °C

    Ao sair de autocarro de São Paulo vêem-se os subúrbios que me fazem lembrar África. Sem telhado, sem acabamento, algumas sem vidros ou janelas e todas com o tijolo à vista. Não são propriamente favelas porque há ruas para passagem de carros e os materiais são de construção normal, mas o ordenamento é na mesma caótico. É uma viagem de seis horas num confortável autocarro onde brasileiros e estrangeiros se misturam para visitar Paraty. A paisagem vai variando desde as pequenas cidades suburbanas ao campo, onde os morros de formigas são tão abundantes como cogumelos numa floresta de faias. A floresta autóctone é aqui abundante, mas também há grandes áreas de eucaliptal.

    Ao chegar a Paraty, chega-se a uma aldeia alentejana caiada de branco. As ruas de paralelo irregular, charretes de cavalos e burros a transportar turistas ou mercadorias e a maré que invade as ruas tornam a vila num dos sítios mais fotogénicos onde já estive. O espelho de água que se forma em muitas ruas cria reflexos perfeitos do colorido da povoação. Pássaros de todas as cores e feitios sobrevoam as águas e aterram nos parques num chilrear incessante. Ao fim do dia a chuva anunciada finalmente chega - é o toró. Vai e volta e finalmente pega até ao dia seguinte. De manhã, abro a janela para entrar o ar fresco e limpo da chuva, que entretanto parou, e há colibris a esvoaçar na vegetação em frente... Brasil 😍.
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  • Brasil - Rio de Janeiro 1

    31 Temmuz 2018, Brezilya ⋅ 🌧 21 °C

    À chegada ao terminal rodoviário temos logo uma percepção da parte menos maravilhosa da cidade . Temos que atravessar o rio para apanhar o ónibus para Copacabana e neste pequeno trajeto de 200 m, Wolfi é logo abordado por um junkie que, visivelmente drogado, lhe pede dinheiro. É a primeira vez no Brasil.
    A experiência do ónibus público é muito boa. Tínhamos feito pesquisa dos autocarros melhores para fazer o trajeto até ao hotel, mas acabamos por apanhar outro. O motorista e uma passageira foram muito prestáveis e o Maps.me é sempre uma garantia para não perder o rumo.
    Copacabana nada tem a ver com o terminal rodoviário. Ê um sítio bem descontraído com lojas que invadem o rés do chão dos prédios nas ruas principais - restaurantes, padarias e farmácias... muitas farmácias!
    A praia é maravilhosa! É inverno e, por isso, é quase toda para nós neste primeiro fim de dia. Há pessoas a caminhar, a fazer jogging ou simplesmente a contemplar o mar até ao fim do dia entrando pela noite dentro no areal iluminado por holofotes potentes. O calçadão está repleto de bares de praia com chopp Brahama, barraca sim barraca não. Estupidamente gelado! Que maravilha!
    Acabámos o dia na Tasca da Chiquita ao som de música nordestina a comer pastel de queijo e feijoada nordestina! Hmmmmm! Que maravilha!
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  • Brasil, Rio de Janeiro 2

    1 Ağustos 2018, Brezilya ⋅ ⛅ 20 °C

    O dia começou cheio de sol! Sete da manhã e a praia estava maravilhosa com a temperatura ideal. Um passeio pelo calçadão até ao forte de Copacabana, com um encontro com Carlos Drummond de Andrade e Dorival Caymmi pelo caminho, deu para perceber como é o Rio - a pulsar de vida e de agitação, mas com um movimento lento, parecido com o bater das ondas do mar. Sem pressa, com doçura.
    À tarde escolhemos ver a cidade na companhia de um carioca de gema com a companhia de tours Be a Local. Mas o tempo decidiu mudar e foi alterando as suas caras, passando do nublado ao nevoeiro que a seguir virou chuva. Ainda assim, o Rio visto do morro de Santa Teresa ao descer do Corcovado é magnífico! Dá para perceber porque é que os portugueses aqui se encantaram e por cá ficaram. Como dizia Alex, o nosso guia Carioca: “Água, fruta e tanta mulher descascada... que mais poderiam os marinheiros querer?” Subimos a escada decorada pelo artista Chileno Jorge Selaron que deve ter servido de inspiração às escadas em Águeda. Estas revestidas a mosaicos amarelos e verdes - cores do Brasil - e enriquecidas pelos azulejos que foram sendo dados por pessoas de todo o mundo. É um tributo a um amor que cedo terminou com a morte da morena por quem se enamorou e do filho que trazia no útero. Viveu no Rio até à sua própria morte, com o seu estilo bizarro lembrando um Dali de bigode mais farfalhudo de havaianas e calções vermelhos, referindo-se a si próprio como se fosse um Ferrari.
    A catedral do Rio de Janeiro, na Lapa, é desconcertante no seu exagero de dimensões e arquitetura. Parece um sino gigante que precisou, no entanto, de ter uma torre sineira externa! À sua volta encontram-se os edifícios principais das finanças do Rio de Janeiro e a circundar esta mini zona financeira estão os sobrados do Rio de Janeiro, que mais não são do que edifícios ao estilo lisboeta dos séculos XVIII-XIX. Alexandre lembra que na época se usavam os penicos e que, de manhã, se deveria gritar “Água vai!” ao lançar os dejetos pela janela... comum também em Portugal na mesma época. Acabámos por não visitar o Pão de Açúcar. Também este, à semelhança do Cristo Redentor, estava coberto de nuvens e nada daria para ver da panorâmica sobre a cidade. A chuva perdurou forte até ao fim do dia... desta vez, obrigou-nos a comer na cantina italiana ao lado do hotel.
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  • Brasil, Rio de Janeiro 3

    2 Ağustos 2018, Brezilya ⋅ 🌧 20 °C

    Este foi um dia em cheio! O Pão de Açúcar estava sem nuvens e pudemos ver toda a panorâmica desde Niterói a Copacabana. Só o Cristo Redentor se manteve tímido até ao último momento. Quando já descíamos surgiu suspenso por cima de uma nuvem, como se de uma aparição se tratasse!
    Após um breve almoço no Bibi, do outro lado da rua do hotel, embarcámos no tour Favela da Rocinha que tínhamos marcado novamente com Be a Local. Saímos de Copacabana com tempo seco e terminámos a tarde encharcados da chuva que não nos largou até virmos embora. O povo da favela, ao ver-nos entrar comentava: “Como é possível, meu irmão? Esses gringos são malucos! Tá caindo esse toró e eles tá vindo aqui prá favela!”
    Foi uma tarde frenética de descida acompanhada de uma enxurrada de água da chuva que lavou pés e calças de toda a gente, mas encheu corações. É fácil perceber que aqui vive gente comum que simplesmente não tem dinheiro para pagar a vida que a Europa considera normal. Isso não lhes rouba a dignidade ou identidade. Há mini mercados, pastelarias, galerias de arte, lojas de artesanato, restaurantes... Tudo o que se possa imaginar existe nesta favela gigante onde se estime que morem 1.2 milhões dos 10 milhões de habitantes do Rio de Janeiro. A Dona Maria tem o melhor brigadeiro que já comi, o Philipp vende a arte dos pintores da favela e o projeto educativo União de Mulheres para o Melhoramento de Roupa Suja enche as minhas medidas na sua simples complexidade e frágil sustentabilidade. Há o infantário, que só pode ser frequentado por crianças cujos pais trabalhem e as aulas de inglês para adolescentes para as tardes de estudo.
    No Brasil as escolas públicas só funcionam meio dia - turno da manhã ou da tarde. Como dizia Alexandre no dia anterior: “Não é nada de especial, mas é melhor do que nada!” A vista daqui para a outra “parede” da favela é “maravilhosa”.
    O dia culmina no estádio do Maracanã - imponente - num Fluminense-Defensivo do Uruguai que termina 2-0, resultado alcançado pouco antes do final da partida. Espetáculo maior o da alegria dos adeptos. O jogo em si, valeu pelo resultado.
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  • Brasil, Rio de Janeiro 4

    3 Ağustos 2018, Brezilya ⋅ ⛅ 23 °C

    Dia de arrumar bagagens e pôr os postais no correio. Diga-se que ainda há os frascos de cola para os selos como antigamente em Portugal. Uma última caminhada no calçadão e um nostálgico olhar para a praia de Copacabana que nos acolheu nestes três magníficos dias. Ficou por dar o mergulho nesta baía que nos terá que receber novamente, um dia...

    A baixa da cidade, com a imponente Igreja da Candelária, tem tantos edifícios coloniais que podia ser Lisboa! Outras praças parecem-se tanto com o Porto... e a par com isto a cidade transpira Rio de Janeiro. Estamos de saída para Iguaçu e o ónibus número 2018, que passa na Avenida Atlântica em frente a Copacabana, é direto ao aeroporto, mas dá-nos uma visão geral da cidade, passando pela baixa até ao Galeão, na Ilha do Governador. Já nos subúrbios da cidade a “zona industrial” é caótica e desconcertante. Há um viaduto por cima desta área que nos permite entrever pequenos focos de bonitas casas de antigos bairros coloniais, modestas, mas cuidadas e coloridas, lado a lado com garagens de mecânicos, sujas e encardidas, depósitos de todos os tipos de materiais recicláveis e fábricas de sabe-se lá o quê com telhados partidos por onde entra esta chuva extemporânea de agosto. Ao cruzar a ponte vêm-se pescadores à linha nas margens de uma baía onde tudo bóia e duvidosamente haverá peixes. É o contrário do que vimos nos dias anteriores em Copacabana, Ipanema, Leblon, Lagoa Rodrigo de Freitas, Botafogo... o luxo e o lixo de uma das grandes metrópoles Sul Americanas.
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  • Brasil - Argentina, Iguaçu - Iguazu

    4 Ağustos 2018, Arjantin ⋅ ☁️ 18 °C

    Aterrámos na noite anterior em Iguaçu. Não vimos nada das Cataratas, mas o dia seguinte compensou. A natureza indomável. Não há palavras suficientes para descrever o que os olhos viram. Do lado brasileiro, ao chegar ao local, começa-se logo a avistá-las. Caminha-se ao longo delas, se assim se pode dizer, nas suas margens. Podem-se avistar do outro lado como se despejassem água de uma bacia larga que cai para o precipício. É possível ir até à boca e vê-las de frente ou lateralmente. De frente é a melhor maneira de tomar um banho de chuveiro. Apesar de ser inverno, passamos por pai e filho que, na desportiva, se apresentam de chinelo de dedo e fato de banho, no espírito de “Já que te vais molhar, aproveita para o fazer a sério!” A juntar à magnificência das cataratas há ainda os animais. Bem de perto vêm-se tucanos nas árvores, como se fossem os nossos melros ou popas- meios desconfiados mas fáceis de ver.
    A fronteira demorou mais tempo do que esperávamos e já só pudemos ver a imponente Garganta del Diablo do lado argentino. Para lá chegar caminha-se por cima do delta do rio sobre uns passadiços de rede forte de metal e madeira. É uma caminhada calma e silenciosa. Mergulhões, patos, tucanos, abutres e pássaros de pequeno porte e diversas cores, mantém-se ocupados, não dando importância à intrusão humana. Ao longe vê-se uma névoa, ou fumo, ou nuvem por trás da flora tropical que invade as pequenas ilhas ao longo do delta do rio. Ao chegar mais perto vê-se a água a desaparecer num sifão e, de repente, está-se em cima dela... a Garganta del Diablo. Se se fixar o olhar apenas na água que cai para o abismo parece impossível resistir-lhe. Dou por mim a pensar que antes de haver os passadiços e as guardas, seguindo o olhar mergulhava-se numa queda infinita para o abismo. Pois é assim que as vejo, ou melhor, não vejo. O fim não parece existir. Difícil de explicar este misto de emoções de respeito, loucura, beleza, fascínio e um certo calafrio. É do Diabo!
    À noite, o nosso primeiro bife argentino 👌👌!
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  • Argentina, Buenos Aires 1

    5 Ağustos 2018, Arjantin ⋅ ☀️ 13 °C

    Buenos Aires é enorme vista do ar! Plana, com o Rio de la Plata que mais parece um mar com o seu estuário que se alarga por vinte quilómetros.
    À saída do aeroporto empunho o telemóvel para confirmar direções. Um velho careca roda o indicador na têmpora e chama-me “chica loca”. Manda-me guardá-lo. Porém, nos dois dias que aqui passamos, nunca senti que alguém quisesse ficar com ele. As pessoas caminham normalmente de telemóvel na mão a falar ou a ouvir música, e todas parecem ter um telemóvel melhor que o meu 😁.

    Ficamos no coração da cidade, numa perpendicular à Av. 9 de Julio, com as suas vinte faixas de rodagem e milhares de carros e autocarros que circulam constantemente. A rede de metro é insignificante comparada com os autocarros que inundam as ruas da capital. E é de autocarro - omnibus - que nos deslocamos normalmente. Nem sempre é fácil. O 33 tem um rota definida, mas nem todos os 33 chegam ao final da rota. Assim é com qualquer carreira. É preciso perguntar sempre e anunciar o nosso destino ao condutor que digita o código certo antes de colocarmos o cartão SUBE para descontar o valor certo. Após dois dias percebemos o funcionamento, mas penso que levaria meses a afinar até chegar à mestria da rede rodoviária de Buenos Aires.

    Domingo é dia de San Telmo. A rua está fechada ao trânsito e há tendas de comida mexicana e equatoriana dos dois lados. Ao fundo um palco com danças típicas a decorrer. Há também postos de recenseamento e apoio aos imigrantes do México e do Equador.
    Por trás do palco já conseguimos ver a Casa Rosada, de onde Evita Peron fez o seu famoso discurso. Maradona também a usou para agradecer aos seus fãs.
    Passeamos pela zona pedonal da Flórida e reservamos o nosso show de tango. Temos ainda tempo para descansar um pouco no apartamento de estilo descontraído onde ficamos. Gisela, a proprietária, conta-nos que era o apartamento dela, mas que optou por morar nos subúrbios, em Palermo, por ser mais sossegado. É um apartamento com alma. No primeiro andar, tem um pé direito enorme, uma sala e uma copa espaçosas, um terraço magnífico cheio de plantas, espreguiçadeiras e mesa para jantar e ainda dois jardins interiores que devem ser fresquinhos no verão. Os livros das viagens que fez e que os viajantes vão deixando tornam este espaço cheio de vida. É só nosso. É época baixa e, por isso, o outro quarto está vazio. Cláudia, é a nossa anfitriã durante o resto do tempo. Prepara-nos o pequeno almoço e o quarto de maneira zelosa, sempre com um sorriso pronto.
    Mas, estava a falar de tango. Ainda que se vejam competições de tango argentino na televisão, o tango aqui não é uma competição. É como ir ao teatro. O espetáculo conta uma história. As bailarinas não parecem ter ossos e atiram as pernas como se delas se quisessem ver livres. É até um pouco violento e dorido. Tem doçura também na voz dos cantores e nos rostos vincados dos homens que parecem ao mesmo tempo implorar a atenção das mulheres com quem dançam. Uma das danças é na primavera, um enamoramento... maravilhoso. Apesar de não haver cenário consegui imaginar a paisagem bucólica por trás do bailado. Era uma dança de homens que passou a acolher mulheres e é assim que o espetáculo começa... homem com homem.
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  • Argentina, Buenos Aires 2

    6 Ağustos 2018, Arjantin ⋅ ⛅ 15 °C

    E depois, e depois há o dia seguinte com toda a cidade a pulsar vida e também morte, no Cemitério da Recoleta, onde descansa Evita. A livraria El Ateneo Gran Splendid faz justiça ao seu nome. É um teatro recuperado com salas de leitura nas coxias e um café chic no palco. Sento-me e fico virada para um escaparate onde está exposto um livro de nome Voces de la Saudade... e cá está ele: Pessoa também na Argentina. Á entrada há uma explicação sobre a classificação da livraria. Segundo o The Guardian, esta é a segunda livraria mais bonita do mundo. A primeira é em Maastrich. A terceira é a nossa Lello, no Porto.
    Vamos a Puerto Madero para confirmar a nossa saída para o Uruguai. É uma zona de docas que tem agora mais de cem lojas de marcas internacionais e restaurantes de aparência elegante.
    Temos ainda tempo para um par de horas em La Boca, a zona artística da cidade, onde cresceu Maradona. O Caminito é famoso pelo seu colorido e pelos pequenos atelieres de artesãos argentinos com os seus produtos de lã, couro ou ainda as suas pinturas cubistas coloridas. Crianças em ringues de cimento jogam futebol para serem os novos heróis e as ruas laterais ao centro colorido del Caminito mostram a degradação da América Latina a que já nos vamos habituando...
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  • Uruguai, Colonia del Sacramento

    7 Ağustos 2018, Uruguay ⋅ ☁️ 17 °C

    Colonia del Sacramento tem a Cidade Velha classificada como património na UNESCO. É como um museu a céu aberto de história do Uruguai, com portugueses e espanhóis à mistura. Há construções de 1700 e, em algumas partes consegue ver-se uma casa de estilo beirão ou peças de mobília portuguesas. Mas também se vê o ancoradouro com estilo americanizado ou a igreja mais ao estilo do Sul de Espanha - simples e desprovidas de grandes sumptuosidades. O tempo aqui passa lento. É época baixa e podem-se percorrer as casas dos artesãos sem grandes multidões. As galerias são pequenas, localizadas nos espaços meticulosamente recuperados e podem aí comprar-se peças de autor. Coisas maravilhosas de cores deste mundo. O nosso modo de viajar não permite excessos. Viajamos leves e com o mínimo de peso. Isso é bom. Aguçamos a memória para os detalhes verdadeiramente importantes e mantemos o foco na viagem.
    Ao fim do dia, aquele por do sol vermelho por entre as nuvens e a desaparecer no mar na baía de Colonia ficará para sempre. A nossa Posada de la Flor com o quarto Magnólia também, e o estômago ficou feliz com um Chivito uruguaio - versão de uma francesinha sem molho que consegue ter ainda mais ingredientes...
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  • Uruguai, Montevideo

    8 Ağustos 2018, Uruguay ⋅ 🌧 15 °C

    Montevideo estava gélido, mas sem a chuva que era prevista. Pudemos passear pela Ciudad Vieja sem bagagem. Há sítio para a deixar no Terminal de omnibus Tres Cruces. Tal como em Buenos Aires, aqui usa-se o autocarro. Tal como em Buenos Aires, aparecem em fila para todos os destinos possíveis. Mas na Ciudadela caminhamos e pasmamos com a riqueza arquitetónica que aqui encontramos. O frio chamava para dentro dos edifícios e paramos um bom tempo na livraria Puro Verso, mesmo a seguir à porta da Ciudadela. O café é excelente e ajuda a recuperar o calor. A livraria é bonita mas um pouco maltratada pelo tempo. O Mercado del Puerto já estava a fechar, mas ainda foi possível enviar daqui os clássicos postais para lembrar quando chegarmos a casa. Mais tarde regressamos ao terminal e daí novo autocarro nos leva ao mais moderno aeroporto em que já estive - última tecnologia. É um sítio confortável e onde as três horas de espera passam a voar.Okumaya devam et

  • Chile, Santiago 1

    9 Ağustos 2018, Şili ⋅ ☀️ 20 °C

    Chegámos de madrugada a Santiago. Álvaro esperava-nos no apartamento que escolhemos para ficar pertinho do centro da cidade. É professor de biologia e explicou-nos uma montanha de coisas sobre o apartamento, a cidade, a comida e os costumes do seu povo. Falava pelos cotovelos!
    Acordámos tarde. O supermercado é do outro lado da rua. Preparámos um brunch! Caminhámos lentamente até à Plaza de Armas. É o coração da agitação nesta tarde quente de inverno. Estão cerca de 26 graus e há jazz no coreto e missa cantada dentro da catedral. De frente para ela a orgulhosa escultura em pedra de um índio Mapocho vinca o povo sul americano que se converteu à religião católica e se ajoelha no chão da igreja em penitência, mas que expulsa os seus espíritos no seu folclore e música. Os espanhóis fizeram bem o seu trabalho! A catedral metropolitana, o correio central e o palácio real são prova arquitetónica disso.
    O Mercado Central, direcionado para turistas, tem uma grande oferta de bancas de peixe e de restaurantes de marisco e peixe a preços equivalentes aos países mediterrâneos. É um sítio bonito e com vivacidade, onde nos perguntam a nacionalidade porque sabem que somos turistas. Decidimos avançar um pouco mais e, de repente estamos no mercado onde os chilenos vão às compras. O bulício aqui é outro! O pregão é constante e algumas pessoas manda-nos estar de olho vivo. “Turistas? Mira a tu vuelta! Ojos abiertos! Peligro!” Mas mais uma vez, não senti que ninguém quisesse nada de mim. O simples facto de envergarmos roupas limpas distingue-nos no ambiente de rostos tisnados pelo sol, de roupas de trabalho e casacos de lã e botas enlameadas das ruas de terra batida que circundam este outro mercado. O meu casaco de penas branco e as calças de ganga limpas estão notoriamente deslocados aqui.
    Voltamos ao centro da cidade e detemo-nos por um pouco na Antiga Estação Ferroviária de Mapocho, agora centro cultural, para de seguida caminharmos ao longo do rio, atravessarmos o parque florestal e acabarmos no bairro artístico que acolheu em 2010 o centro de artes de Santiago de Chile - Centro Gabriela Mistral (GAM). O cansaço da noite anterior ainda está presente e limitámo-nos a ir comprar os bilhetes para o autocarro para o dia seguinte para Valparaiso e os ingredientes para o jantar, pela primeira vez feito em casa.
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  • Chile, Valparaiso

    10 Ağustos 2018, Şili ⋅ ⛅ 14 °C

    Saltar cedo da cama para ir ao encontro de Neruda, Valparaíso e Viña del Mar, não custa. Depois de uma hora e pico de autocarro optámos por fazer uma visita guiada por toda a cidade de Valparaíso até Viña del Mar. Desta vez chama-se Guilherme o nosso guia. Faz a visita em espanhuguês e inglês arranhado, mas a sua simpatia suplanta as dificuldades linguísticas. Já ouviu falar de Lisboa e acha que é parecida com Valparaíso. Na realidade, nada tem a ver. O colorido das casas, a arte de rua, o bulício do povo sul americano não se podem comparar à cosmopolita Lisboa. Talvez as colinas, mas mesmo estas são deveras subtis comparadas com as íngremes ruas de Valparaiso. Ele próprio compara algumas áreas com a cidade de São Francisco... talvez se refira aos elevadores, mas também há os funiculares.
    Os olhos comeram as cores da cidade assim como o palato apreciou a empanada de queijo e camarão servida ao almoço na Casa Azul - Cuatro Ventos- encantadoramente equilibrada na falésia com vista para o porto. Faz-me lembrar a Casa das Quatro Empenas, de Nathaniel Hawthorne. Estava um dia de nevoeiro que às vezes fechava como uma parede branca. São estes os dias que tornam o mar misterioso e os vultos dos navios de carga no porto fantasmagóricos. Os vermelhos e brancos estão esbatidos e os contentores coloridos parecem uma aguarela já gasta. Tudo combina com a pátina do tempo que cobre os edifícios de salitre e ferrugem que dão um charme característico à cidade. É outra galeria de arte a céu aberto. Vamos até a La Sebastiana, a casa de férias de Pablo Neruda em Valparaíso. É quase no cimo de um cerro de onde se vê toda a encosta e o mar, mas também mais acima. Esta foi uma terra que pertenceu a alemães, britânicos e franceses, que a foram dividindo em religiões e bairros de arquitetura característica destes países. Até os cemitérios são distintos. Guilherme vai orgulhosamente falando da história da sua cidade e desvendando recantos desta cativante atmosfera. Há miradouros com vistas de cortar a respiração. A única coisa que não conseguimos ver foi o mar. Quando chegamos a Viña del Mar, Guilherme vai descrevendo a paisagem da orla costeira, pedindo-nos um esforço de imaginação. Mesmo na praia, já a pisar a areia, em cima do mar, a visibilidade deve rondar os dez metros... mas um pouco para dentro na cidade é possível ver que nada tem a ver com a cidade vizinha. Podia ser a zona chic de qualquer cidade europeia. Tudo é novo, não há graffiti em lado nenhum e as estradas são absolutamente perfeitas. Visitamos os sítios mais emblemáticos: o relógio de jardim oferecido pelo governo Suíço, o Moai de cerca de três metros oferecido pelo governo regional de Rapa Nui e a arena de espetáculos de música que atrai músicos de todo o mundo.
    Já de volta a Santiago acabamos num bar da Avenida Brasil a comer uma churrillana bem avantajada, que dividimos, a par com dois chopp de meio litro!
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  • Chile, Santiago 2

    11 Ağustos 2018, Şili ⋅ ☀️ 17 °C

    Dia preguiçoso por Santiago. Vamos caminhando ao sabor duma rota planeada no dia anterior num caderno quadriculado que havia lá por casa.
    No Barrio Yungay detivemo-nos a fotografar e contemplar grafitti que, apesar de ser constante na cidade, não nos para de surpreender. Está uma tarde de sol e a temperatura convida a uma caminhada mais lenta. Está calor.
    La Moneda é o palácio presidencial que tem uma bandeira gigantesca do Chile num porta estandarte de uma altura considerável! Perto há uma zona pedonal de lojas de marcas multinacionais e cafés. Na rua há vendedores de sumo de laranja acabado de espremer, cachorros quentes e “mote com huesillos”, uma bebida... comida... mistura de trigo cozido com pêssego em calda e uma calda doce de água e xarope de cana de açúcar. Simplesmente delicioso e viciante assim fresquinho como o bebemos... comemos... Passamos em frente à casa Londres 38, um dos últimos pontos clandestinos de tortura do regime Pinochet a serem descobertos, que apenas se encontra aberto para visita aos de segunda a sexta, para pena nossa. Avançamos assim para o Cerro de Santa Lucia de onde se pode avistar a Cordilheira do Andes coberta de neve e também as montanhas que fazem a divisão para o Pacífico. Passámos por uma das muitas feiras artesanais que pontilham a cidade. É frequente a venda de produtos derivados de canabis a par com o artesanato sul americano. É sábado e a cidade está em modo de descanso, por isso, os seus cerca de sete milhões de habitantes andam na rua aos magotes. Claro que há turistas também, mas as pessoas que inundam as ruas da cidade são os chilenos. Quando caminhamos para o parque florestal através do Barrio Lastarria - bem conservado na sua arquitetura europeia - uma justa pausa acompanhada de uma generosa fatia de bolo de chocolate e café americano restabelece as energias e aquece-nos num fim de tarde em que a descida de temperatura faz justiça à estação do ano. Mais uma caminhada, desta vez até à casa de cidade de Neruda - La Chascona. É nesta zona que parecemos miúdos numa loja de doces. A cada passo um grafitti mais bonito do que o outro, até chegarmos a La Chascona, com a sua arquitetura invulgar e os jardins circundantes bem planeados. Cá fora, uma banda de músicos jovens toca de uma forma descontraída, fazendo a gravação em vídeo nos telemóveis. É assim que agora se criam furos de popularidade no YouTube, quem sabe. A mim pareceu-me bem. O ambiente neste bairro é fantástico! Está cheio de bares, tem um pátio enorme que funciona como centro comercial a céu aberto e uma das muitas universidades de Santiago! Fervilha de vida e bebida.
    É a véspera da Ilha da Páscoa!
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  • Chile, Ilha de Páscoa 1

    12 Ağustos 2018, Şili ⋅ ⛅ 20 °C

    Já chegámos depois do almoço e imediatamente sentimos a diferença de temperatura e a humidade. Uma ilha longe de tudo com clima subtropical. Podem ver-se os abacateiros, as goiabeiras e as mangueiras por toda a ilha. Caminhámos em direção ao mar e desembocamos no pequeno porto de pescadores onde vemos o primeiro moai. Pequeno, mas altivo está virado para o mar. Só sete estão virados nesta direção. Tomam conta dos navios que aproximam, como sentinelas. Os restantes estão virados para terra para garantir a segurança dos seus. Era uma civilização virada para o culto dos ancestrais. Por baixo dos moai estão os ahu, que mais não são do que o local de descanso dos ancestrais. As estátuas são feitas da pedra retirada da cratera do vulcão Ranu Raraku. Estranhamente, eram esculpidas diretamente na crista do vulcão é só depois eram cortadas e transportadas para os locais de culto. Foi assim, neste transporte, feito com as palmeiras autóctones, e na construção de embarcações, que dizimaram toda a floresta e deixaram a ilha entregue aos elementos. A erosão é visível.
    Mas estava a falar do porto de pesca. Foi aqui que vimos as nossas primeiras tartarugas gigantes. Um velho pescador, com uma visível paixão por elas, anuncia a sua presença a todos que se aproximam. Diz que há muitas e que a maior mede um metro e sessenta e cinco. Não sei qual vi, mas pareceu-me imponente na sua aparente lentidão que não nos dá tempo para tirar uma fotografia logo à primeira.
    Depois desta surpresa, caminhámos em direção ao complexo arqueológico Tahai. Aqui começa a aumentar o tamanho das estátuas. Não é possível caminhar por entre elas. São sítios cerimoniais e é como se pisássemos solo sagrado. Para além disso, anunciam-nos que o material de que tudo é feito é frágil - é rocha vulcânica com todas as características que lhe estão associadas. Maravilhamo-nos com a dimensão de tudo. Com o verde e azul intensos da ilha e com a imponência destas caras sérias que verdadeiramente parecem estar de sentinela. Passamos também pelo cemitério de Hanga Roa, a capital, e também aqui as diferenças são muitas. As cruzes praticamente não existem, mas há esculturas de madeira e pedra a embelezar as campas.
    A vida é muito cara em Hanga Roa. O preço médio de um prato de comida ronda os vinte e cinco euros, mas os “completos” - cachorros quentes com molho de abacate e tomate fresco picado com cebola - ou as empanadas e fajitas de polvo, atum, camarão são deliciosas e a preços razoáveis.
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  • Chile, Ilha de Páscoa 2

    13 Ağustos 2018, Şili ⋅ 🌬 21 °C

    Ainda temos muitos dias de viagem pela frente, mas este é de certeza inesquecível. O tempo estava maravilhoso. Apesar de nos terem sempre dito que teríamos carro para alugar diretamente no hostel, no fim tivemos que alugar numa agência na rua. É muita a oferta. Optamos por um Jimny - 4X4 da Suzuki, muito popular aqui. Ao assinar o contrato verificámos que o seguro não está incluído. Pergunto porquê e a resposta é desconcertante. Simplesmente porque não existem companhias de seguros na ilha e porque o limite de velocidade é de 50km/h. Não importa, porque por mais que se acelere, o carro só vai até aos 60km/h...
    E é aqui que começa a aventura e o encantamento. O percurso que escolhemos é pela orla marítima e a força das ondas de mar alto contra as escarpas vulcânicas é um espetáculo irresistível. Temos que parar para sentir o salitre a penetrar na pele e ver a água a saltar metros acima do nível da plataforma na ilha. Sabemos que temos muitas paragens pelo caminho e vamos verificando no mapa onde se encontram os “ahu” e seus respetivos “moai”. Aprendemos com os guardas do parque como eram as suas técnicas de construção e também as agrícolas. Vemos como era agreste o modo de vida desta gente, como já tinham conhecimento do uso de ervas medicinais e as cultivavam a par com as culturas comestíveis e as plantas que usavam para retirarem fibras para fazer tecidos para vestuário. Era uma sociedade remota, mas complexa e estruturada. Na maior parte dos sítios não há turistas em excesso. Basta ser um pouco paciente e é fácil encontrar solitude e silêncio, deixando espaço só para o vento nas poucas árvores da ilha ou o murmúrio do mar. Quando chegamos a Rano Raraku o espetáculo é deslumbrante. Aqui pudemos ver a cratera do vulcão onde eram esculpidos os moai e caminhar por entre eles, na encosta oposta. É um sítio de uma maravilha natural combinado com o poder da força humana que me deixa a pensar sobre o que move o Homem nesta busca incessante de domar a natureza.
    Nas curvas e contracurvas da suave montanha, quando achamos que já tínhamos visto tudo, abre-se para nós a baía onde repousa Tongariki - os quinze imponentes moais de costas para o mar. Veem-se ao longe distintamente recortados contra a baía azul com uma espuma de azul gelo trazida pelas ondas indomáveis. Está vento e a crista da onda volta para trás numa névoa branca surreal. É uma visão mágica.
    Não é possível descrever a sensação de paz e de união com a natureza quando, passado o deslumbramento, me deito na erva suave e sinto o calor que vem desta terra vulcânica misturado com o marulhar do mar, tendo em frente os sérios moais que também parecem contemplar-me. Tenho um certo sentimento de segurança. É fácil sentir-me parte daquele lugar. Bem-vinda!
    Os vestígios de arte rupestre estão espalhados por todo o lado. Às vezes nos moais também, mas em Paka Vaka as evidências são incríveis. Daqui seguimos para norte, para Anakena, a única praia de areias brancas. Tão brancas e finas que quase parecem farinha. Também aqui os moais estão presentes. Destacam-se ainda mais por causa do contraste da pedra vulcânica com a a areia branca. Quando aqui chegámos o vento era tão forte que parecia uma tempestade no deserto. Mas ao chegar à baía a água tem uma temperatura maravilhosa e, apesar de ser inverno, há pessoas que não resistiram a um mergulho no Pacífico. Não é o nosso caso. Mas a caminhada ao longo da praia, as palmeiras que a circundam e toda a envolvência reportam a esta parte tão deslocada da Polinésia a que os habitantes referem pertencer. Na realidade a mim não me importa a quem pertencem. Sinto-me no paraíso.
    Ao fim do dia, regressados a Hanga Roa, podemos ainda apreciar o pôr-do-sol dentro do Jimny, com Tahai e o Oceano Pacífico sem fim bem à nossa frente.
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  • Chile, Ilha de Páscoa 3

    14 Ağustos 2018, Şili ⋅ 🌧 20 °C

    A manhã chegou com uma chuva forte e um nevoeiro que não nos deixaram ver a cratera do vulcão Ranu Kao - enorme, pelo pouco que pudemos ver, mas semelhante à cratera do vulcão do Faial. Pela mesma razão não conseguimos visitar a aldeia da cultura do homem pássaro. Segundo reza a história, era um sítio de ritos de iniciação. O próximo líder da comunidade era escolhido pela sua bravura e teria que descer a falésia, defrontar-se com a força das ondas e correntes marítimas, nadar até ao ilhéu em frente à aldeia e trazer um ovo de um determinada pássaro intacto. Claro que muitos morreram nesta tentativa e claro também que não eram os próprios candidatos à chefia que se dispunham a desempenhar este papel. Os seus servos faziam-no por eles.
    A tarde fez-se mais convidativa e passeamos no sentido contrário a Tahai. Nesta zona está o museu da cidade, o hotel de grandes dimensões, e grande controvérsia, e o porto para embarcações maiores. Daqui vimos equipas de remadores a treinar e a testar caiaques com uma espécie de asa lateral que impede que se virem no mar. Um dos remadores pergunta de onde somos e claro que exclama logo “Cristiano Ronaldo!”
    Quanto ao hotel e à sua controvérsia, é sabido que na Ilha de Páscoa só pode ser detentor de terrenos quem for nativo da ilha e esta grande faixa de terreno junto ao mar foi adquirida por meios escusos, quebrando a lei de Rapa Nui. Todo o hotel tem canas espetadas à sua volta com bandeiras negras. Em algumas pode ler-se “hotel pirata”. Faixas de palavras de ordem estão colocadas em ambos os lados da rua em sinal de protesto e desacordo com a situação.
    Pôr-do-sol na baía onde tínhamos ouvido as crianças a treinar danças e cânticos populares, agora com surfistas e body borders a testar as ondas Rapa Nuienses. Mas, o espetáculo na academia Kari Kari aguarda-nos e dá-nos mais dicas sobre o modo de viver desta gente que está avidamente a resgatar o passado e a dar passos largos para não perder as suas raízes levando a sua cultura ao mundo através dos olhos de quem a visita e das suas saídas para mostras de cultura. Apesar de já terem estado presentes na Europa, o sítio onde aprendem mais é nas outras ilhas da Polinésia onde os costumes são mais parecidos com os seus. A sua luta pela sobrevivência não tem agora a ver com meios de subsistência. São poucos habitantes e o turismo parece ser suficiente para terem uma vida acima da média dos países sul americanos. Esta é uma luta pela aprendizagem, pela união, pela humildade e pelo regresso às raízes.
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  • Bolivia, La Paz

    17 Ağustos 2018, Bolivya ⋅ ☀️ 14 °C

    La Paz apanhou-me desprevenida com os sintomas de altitude. Apesar de saber que era possível, nunca tinha sentido assim. A sensação de necessitar de mais tempo para caminhar para o coração não acelerar, já me era familiar, mas as dores de cabeça, as náuseas, a rejeição à comida e os vómitos foram todos novidade para mim. Isso significou que no primeiro dia praticamente só dormi, para ver se o corpo se adaptava.
    E adaptou! No segundo dia já foi possível fazer um passeio num autocarro turístico para ver a cidade. O Vale de la Luna e o Miradouro Kili Kili são sítios fantásticos. No vale é possível ver as formações feitas pela água na argila. Talvez lhe chamem assim por se parecer com a superfície da lua. Do miradouro tem-se uma panorâmica de toda a cidade até El Alto, onde fica o aeroporto localizado em maior altitude. É uma visão assombrosa. A maior parte das casas não têm reboco ou pintura e, por isso, é quase como se estivéssemos de frente para um bairro de lata monumental com todo a beleza e assombro que isso pode trazer. É de El Alto que chegam à cidade as cholitas. São as tradicionais mulheres bolivianas que aparecem sempre nos documentários, com as saias rodadas muito armadas à moda do século XVII. Cópias mais curtas dos vestidos da alta sociedade da altura. Sim, porque as cholitas trabalham arduamente e correm desenfreadamente pela cidade com as suas cargas às costas em busca de não sei o quê. Mesmo nestas correrias conseguem equilibrar o chapéu, também ele da mesma época, sem nunca o deixar cair. Os chapéus foram um negócio da China feito por um vendedor de chapéus britânico que recebeu um carregamento de chapéus demasiadamente pequenos. Grande charlatão, convenceu as damas da sociedade que esta era a última moda na Europa e o que é facto é que até hoje as cholitas, que tentaram copiar as damas da sociedade, usam estes chapéus encarrapitados na cabeça. Se os usam na vertical é porque são casadas. Se os usam inclinados para um dos lados da cabeça é porque são solteiras. São normalmente tímidas e não gostam de fotografias, mas lá conseguimos roubar uma ou outra. Ainda conseguimos dar uma escapadela de teleférico ao Cementerio General. É um cemitério com gavetões que se acumulam uns por cima dos outros numa altura de talvez três metros. Para chegar às campas superiores é preciso usar uma das inúmeras escadas coloridas que se encontram disponíveis. Só a fachada do gavetão tem um quinze centímetros de profundidade onde se podem colocar flores, brinquedos, comida, garrafas das mais variadas bebidas, enfim, o que estiver ao alcance da imaginação de qualquer um. No caminho de volta ainda passámos pelo Mercado de las Brujas, com os seus fetos de Lamas pendurados, ervas medicinais de toda a espécie e altares pré preparados para fazer as mezinhas de boa sorte, proteção dos carros ou do casamento ou do que mais preocupar os clientes, que se sentam à espera como se fossem ao médico. Enfim, genial!
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  • Bolívia, Titicaca - Copacabana e Isla de

    18 Ağustos 2018, Bolivya ⋅ ☀️ 8 °C

    A Natureza surpreende-nos sempre e hoje foi um desses dias com o infindável Lago Titicaca, o mais elevado do planeta. É o resultado do “enrodilhar” da Cordilheira dos Andes que continua a aumentar três centímetros a cada cem anos. Na Isla del Sol - no meio do lago - é possível ver as mulheres venderem fósseis de animais marinhos. É nesta ilha que se diz ter sido o berço da civilização Inca. Logo na primeira subida deparamo-nos com o Templo do Sol Pilcolkaina, supostamente o primeiro Templo Inca. A travessia até e da ilha com partida e chegada a Copacabana é também impressionante, especialmente se se puder optar por ir no tejadilho do barco. Copacabana, esta Copacabana, é na realidade a original. Uma imagem de nossa senhora de Copacabana foi enviada daqui para o Rio de Janeiro e assim foi baptizada a praia. Claro que existe uma igreja de Nossa Senhora de Copacabana em ambos os sítios. Aqui nota-se que as pessoas são muito religiosas e supersticiosas também. Quando chegamos à baía há vários carros enfeitados com flores e confetis que supostamente foram benzidos por um padre. Os carros não são só bolivianos. Também há vários do Perú - a fronteira é a 10 min - e da Argentina. Costumes diferentes...
    Mais uma vez no autocarro, passada a fronteira para o Perú, podemos ver o pôr-do-sol mais espetacular e vermelho dos últimos dias!
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  • Perú, Puno to Cusco

    19 Ağustos 2018, Peru ⋅ ⛅ 14 °C

    Este foi para mim um dia menos bom da viagem. No dia anterior jantei uma bela truta fumada que me soube pela vida, mas que decidiu amanhecer comigo. O nosso corpo tem destas coisas, quando o sobrecarregamos ele tem que nos parar de alguma maneira. A comida errada, combinada com altitude e uma viagem de oito horas de autocarro - com paisagens magníficas, no entanto com condutores louquíssimos - terminaram num fim de dia penoso para o estômago. O gerente do hostel em Puno foi incansável. Foi preparando mate de coca para amenizar os sintomas de altitude que estavam também a afetar a digestão. Concluindo, a passeata às Ulhas Flutuantes de Uros, que era para ser feita a dois, ficou apenas para mim nas fotos e relato do Wolfi que não adiantaria nada em ficar comigo. À chegada a Cusco na nossa nova parada também havia um chá de coca para ajudar. Lição aprendida! Altitude tem que se combinar com uma dieta muito frugal e amiúde... no meu caso. Decidi, porém, roubar umas fotos a Wolfi para mostrar como é Uros.Okumaya devam et

  • Perú, Cusco

    20 Ağustos 2018, Peru ⋅ ⛅ 15 °C

    Cusco é uma cidade a fervilhar de vida. A Plaza de Armas - nome dado a quase todas as praças principais das cidades da América do Sul por onde passámos - é deslumbrante com as suas varandas coloridas de estilo colonial espanhol e as igrejas construídas em cima das ruínas da cidadela Inca de Cusco. No centro da praça está a estátua de bronze de um rebelde Inca que foi aí executado. Cheia de turistas que os locais observam sentados nos bancos de jardim na praça principal. Na verdade é difícil dizer quem observa quem, porque a sua indumentária tradicional permanece, mesmo no mais jovens. Têm orgulho de quem são e envergam orgulhosamente as cores do Perú. O clima é aqui mais extremo e isso nota-se nos rostos curtidos pelo sol e pela montanha. Aqui os Andes elevam-se a três mil e quatrocentos metros, mas é inverno e o frio faz-se sentir. Tiramos o dia para passear calmamente e tratar de alguns detalhes antes de irmos para Machu Picchu - comprar o bilhete de autocarro ida e volta de Águas Calientes para as ruínas de Machu Picchu, o bolleto turístico que nos dá entrada nas principais ruínas Incas, tratar dos óculos do Wolfi que se desaparafusam a cada momento, localizar a agência onde teremos que ir buscar o carro, enfim, ao ritmo do que a altitude deixa.
    Ao entardecer enfio os meus dois casacos de penas por cima de mais três camadas, uma delas de lã merino, comprada de propósito para estas paragens. Passamos pelo Mercado principal como já é habitual e deparamo-nos com um sítio onde se pode realmente comprar tudo. A zona mais interessante é logicamente a que é mais diferente dos mercados portugueses. Vendem ervas medicinais, sei lá quantas espécies de batata e milho e lá pelo meio, umas larvas de inseto que ainda se mexem e que a vendedora me garante que são uma especialidade se as fritar - explica-me cuidadosamente o método - e garante-me que não há melhor remédio para os pulmões. Como se calcula, o meu entusiasmo para esta aventura gastronómica esmoreceu imediatamente no momento em que via as criaturas a contorcerem-se no tabuleiro onde estavam expostas.
    O frio obriga-nos a procurar locais mais acolhedores e o Museu de Arte Popular revela-se muito mais do que isso. É um resumo da história dos Incas, onde o artesanato, a religião e o paganismo se fundem para facilmente dar a conhecer os valores desta civilização que, apesar de ter tido uma passagem tão breve, deixou marcas tão profundas e move o dia a dia das gentes peruanas até aos dias de hoje. Toda a sabedoria agrícola e medicinal deixada pelos Incas é hoje usada na medicina tradicional que se intitula de Triologia Inca - simbolizada pelos Puma, Condor e Serpente. Ou seja, nas ruas existem as cruzes verdes para sinalizar as farmácias equiparadas às europeias, e as Incas, que têm o símbolo com os três animais.
    O estômago ainda não aguenta grandes aventuras, o frio pede também aconchego e todos os restaurantes têm um leque variado de sopas que vai desde a canja de galinha, que aqui se chama dieta de pollo, passando pela sopa de vegetais com quinoa, até aos cremes de milho, cogumelos ou espargos. Diga-se que uma sopa é aqui suficiente para uma refeição.
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  • Perú, Pisac e Ollantaytambo

    21 Ağustos 2018, Peru ⋅ ⛅ 14 °C

    O carro foi fácil de tratar, mas os primeiros metros seriam embaraçosos se estivéssemos na Europa. Não soubemos desligar o alarme que se armou quando fomos pegar as malas ao hostel. Tivemos que regressar à agência para saber o que fazer. Entretanto fomos circulando ao som de uma sirene igual à da polícia. Aqui, ninguém quis saber. Todos os condutores apitam por tudo e por nada e o som é de tal forma habitual que, mais sirene, menos sirene, não faz diferença.
    Quando finalmente estamos preparados vamos parando e aprendendo nos vários sítios arqueológicos - Sacsayhuaman, o templo fortaleza; Qenqo, o templo das oferendas, sacrifícios e mumificações; Tambomachay, as termas onde se retemperava o corpo; Puka Pukara, a fortaleza vermelha que vigiava Cusco e as termas para onde iam as classes mais elevadas e protegiam ambos os locais de eventuais ataques. De carro é fácil gerir o tempo, especialmente se se tiver algum conhecimento prévio do que se está a visitar, uma vez que a informação no local é escassa. No entanto, é muito interessante ouvir as histórias que os guias que se encontram à entrada têm para contar. Podem contratar-se à parte do preço do bilhete de entrada e fazer um percurso pausado. Para quem tem muito tempo e muita paciência é uma boa opção porque aqui o tempo corre mais lento e as histórias são contadas detalhada e lentamente.
    Uma paragem estratégica em Pisac para repor energias faz-nos passar obrigatoriamente pelo mercado de artesãos. Lindo! O colorido e os apelos dos vendedores fazem lembrar Marrocos, com as suas cavernas de Ali Babá, mas os cheiros não são os mesmos. Aqui cheira a lã. Algumas mulheres, com os seus trajes coloridos e os seus engraçados chapéus, onde parecem ter naperons pousados, carregam lamas bebés e os seus próprios filhos às costas, num pano colorido habilmente atado para que permaneçam confortáveis. Vão perguntando distraidamente aos turistas se querem tirar fotos. É uma fonte de rendimento, claro. Tudo é muito barato para nós. Uma água custa normalmente 1 sole - 0.20€. O almoço é frugal mas delicioso: empanadas acabadas de sair do forno com uma chicha morada - bebida sem álcool feita a partir de milho vermelho - maravilhosa.
    Resolvemos avançar as ruínas de Pisac para podermos ver ainda Ollantaytambo ao pôr-do-sol. É assim foi. Um fim de tarde ventoso numa cidade onde a parte antiga está muito bem preservada. Apesar de ser muito direcionada para o turismo em volta das ruínas da cidade Inca e de ser um dos pontos de partida de várias categorias de comboios para Machu Picchu, a cidade é dos habitantes locais que prontamente se fazem ao comércio para todos - locais e turistas. Decidimos deixar as ruínas para a manhã seguinte e vamos até à estação de caminhos de ferro para apreciar a chegada de um dos comboios que regressam de Águas Calientes - cidade de apoio ao turismo em Machu Picchu. Os bilhetes vão dos 33$, partindo de Hidroeléctrica até Águas Calientes, até aos 1000$ fazendo a viagem Cusco - Águas Calientes. Não sabíamos da existência do primeiro comboio, mas optámos por usá-lo no dia seguinte, poupando uma caminhada de doze quilómetros e fôlego para a subida de 700m de altitude na montanha Machu Picchu.
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  • Perú, Abra Málaga e Águas Calientes

    22 Ağustos 2018, Peru ⋅ ⛅ 20 °C

    O B&B onde ficamos é novo e tem vista para as ruínas de Ollantaytambo. É a cinco minutos a pé. Tiramos vantagem disso e fomos os primeiros a entrar no recinto às sete da manhã. A luz é perfeita e pudemos ver o nascer do sol dentro da cidadela. A organização do espaço é, mais uma vez, espantosa, reveladora de uma civilização evoluída e com hábitos de higiene e saúde avançados. Os banhos, a orientação solar das casas, a diversificação das culturas agrícolas e o estudo que faziam dos alimentos que comiam era invulgar numa América do Sul onde as tribos ainda proliferavam e mantinham os seus hábitos de caçadores-recolectores.
    O resto do dia foi para encher olhos e barriga de paisagem andina em que variamos de altitude desde os 2900 metros de Ollantaytambo, passando pelos 4318m do passe de montanha de Abra Málaga, até ao clima subtropical de Urubamba e Águas Calientes nos seus 2000 m. Os últimos 33kms são em terra batida e demoram 1.30min a fazer, o que faz com que se aprecie a paisagem ainda com maior intensidade, atenção e respeito. A estrada é na escarpa da montanha.
    A viagem de comboio que completou o dia foi de apenas 12 kms mas de infinita beleza por entre a selva e as montanhas magestosa. O linha férrea segue o curso do rio e os espelhos de água, as cascatas e os grandes aglomerados de rochas polidos pela erosão provocada pela água é visível em quase todo o percurso. Há lugar para ahs e ohs de surpresa e rendição à paisagem.
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  • Perú, Machu Picchu e Santa Teresa

    23 Ağustos 2018, Peru ⋅ ⛅ 19 °C

    E chegou o tão esperado dia de Machu Picchu. O turno que escolhemos foi o da manhã. Por isso, às 4:30 já estávamos a caminhar para apanhar o autocarro de Águas Calientes para o recinto das ruínas - cerca de 12kms. Entram 6000 pessoas por dia, divididas em dois turnos. Nós escolhemos subir a montanha que dá nome ao sítio. Sim, porque a cidade em si ninguém sabe que nome tinha. É uma subida íngreme de 700m de desnível. Cansativo, mas compensador. Ver as nuvens a dissiparem-se e a cidade irromper da bruma é uma sensação indescritível. É como se fosse uma aparição. Consigo imaginar a perplexidade de Birgham ao descobrir a cidadela.
    Também me é fácil imaginar o esforço e sofrimento dos construtores da cidade.
    Depois de descermos a montanha ouvimos a descrição de um guia acerca de factos sobre o local. Há vários estudos feitos e parece ter-se concluído que este era um lugar de estudiosos. Aqui era feita a pesquisa para o avanço da agricultura e técnicas de arquitetura e eram também feitas as abordagens às tribos circundantes para a sua conversão ao mundo Inca. Às tribos eram oferecidas estas mesmas técnicas, sementes dos mais variados vegetais e raízes e o tão famoso cuy - porquinho-da-índia - que era e é base da alimentação proteica no Perú. Em troca, os Incas passavam a administradores do território. Estas conquistas eram eficazes porque as tribos eram bastante primitivas, mas o esforço despendido era elevado uma vez que a Cordilheira dos Andes tem montanhas muito íngremes que levavam dias a ultrapassar, a pé, claro, apenas com a ajuda dos pequenos camelídeos - lamas, vicunas e outros dentro da espécie.
    O complexo demonstra claramente a diferença entre os templos e as habitações normais. As paredes dos templos têm uma técnica de construção mais cuidada em que os blocos de pedra são gigantescos, muito polidos e numa pedra de tom mais rosado. A cidade extinguiu-se aparentemente de uma forma natural. Talvez pelo seu isolamento, talvez porque a guerra se instalou e os espanhóis foram mais agressivos do que os Incas esperavam, as pessoas que aqui viveram foram morrendo e ninguém regressou para tomar conta da cidade. A natureza cumpriu o seu papel e cobriu a cidade com o seu manto verde. Há um bloco de granito gigante que foi deixado no local onde o fragmentavam tirando partido das diferenças de temperatura do dia para a noite na região associada à aplicação de fogo e água para acelerar o processo. Fogo de dia para aumentar o calor e a dilatação e água de noite, que congelava e fragmentava a rocha nos pontos que pretendiam. Eram depois polidas com uma rocha mais dura - rocha com alto teor de ferro - e levadas para o local de construção como se fosse um puzzle. É mesmo verdade que não se consegue fazer passar nada entre as duas rochas. As paredes tinham dupla face, à exceção dos templos em que os blocos são massivos e maciços. Os deuses mereciam mais do que os humanos.
    Seriam necessários pelo menos três dias para fazer todo o circuito interno calmamente e explorar todos os pontos. Para além da montanha Machu Picchu, também é possível subir as escadas e construções de Wayna Picchu ou fazer a caminhada até às Portas del Sol - entrada dos caminhantes vindos de Cusco pelo Vale Sagrado - mas cada uma destas visitas dentro do complexo demora ceca de três horas e um grande dispêndio de energia.
    Para nós, essa energia é usada na caminhada de volta a Hidroelétrica. São duas horas e meia de caminhada ao longo do caminho de ferro. Desta vez temos tempo para parar e contemplar a flora e o rio com calma. Passamos por muitos caminhantes de todas as idades. Às vezes até famílias completas.
    Mas o dia só acaba em Santa Teresa, nas piscinas de água quente, onde todos os músculos doridos da caminhada de vinte e cinco quilómetros relaxam a trinta e quarenta graus de temperatura!
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