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  • Giorno 15

    Crise na embaixada

    9 marzo 2023, Guinea-Bissau ⋅ ⛅ 26 °C

    Sabíamos que não ia ser um dia fácil, mas pode sempre ser pior. Acordámos cedo, tínhamos o pequeno almoço na ilha a ver o nascer do sol entre a vegetação. Apanhámos a lancha as 8h e antes das 10h estávamos em Bissau. O Benji até se portou bem apesar da seca.

    Fomos diretos á embaixada já que só tínhamos duas mochilas. Uma hora de espera pela doutora, num sítio onde não se pode fazer muito barulho com uma criança de 2 anos. Quando finalmente sua excelência chega, informa-nos que precisávamos de uma autorização do pai biológico para poder viajar, que já sabia desde ontem, mas esqueceu-se de avisar. Caiu tudo, ora se temos poderes totais sobre a criança o que podemos pedir ao pai biológico que já não tem voto na matéria?
    Pensávamos nós que o Mussa teria essa autorização, seguimos a pé para o ministério onde supostamente teriam essa autorização. Uma vez lá, já no gabinete no senhor Júlio, com o Benji a fazer crises por tudo, porque queria abrir os armários, puxar os fios dos pcs, lá chegámos a conclusão que afinal não tinham essa autorização do pai, porque segundo eles não era necessário e que podiam enviar um email a embaixada a informar que já não fazia esse tipo de autorização porque não viam a necessidade, uma vez que já tínhamos todos os poderes. Se realmente fosse necessário, teríamos que ir buscar o pai biológico para morava fora de Bissau e podíamos não conseguir isso tão cedo.

    Vamos nos recambiados para a embaixada. Mais uma hora de espera, a encher o Benji de bolacha Maria. De repente a fralda estava tão cheia que já havia xixi no chão. Ora não havia casa de banho na embaixada segundo nós informaram, mas também não podia deixar o puto assim. Já estamos habituados a mudar as fraldas em pé, foi só mais uma. Mas com o Benji aos berros, já estava cansado, farto, cheio de bolachas. Mesmo de fralda mudada não havia forma de o acalmar. Quando nos informaram que a sua excelência tinha voltado. Subi para a recepção para falar com ela, ao que ela pergunta porque é que ele está a chorar que ele era tão caminho.
    "Está com sono e cansado de estar aqui a muitas horas" respondi.
    "Não, não pode ser isso" disse ela.

    Sai porta fora, tira o Benji dos braços do Valentim. Ele nos braços de estranhos acalma-se logo, fica meio apático. Ao que ela fica toda contente. "Vem a avó"
    Acabamos por entrar na embaixada por outra porta a apresentar o Benji às pessoas da embaixada, a dizer que já estava mais gordo que era da cerelac que ela tinha recomendado (que não demos obviamente). Queria lhe oferecer bolo, quando ele começou a ficar cansado do colo dela e foi para outra senhora que tinha um yogurt para ele.
    Tivemos finamente uma janela de oportunidade para explicar que não era preciso a autorização do pai biológico, no meio de várias conversas acabou por fazer um telefonema e confirmou que não seria necessário, mas que precisava a mesma de um email do ministério a dizer que não era preciso.

    Começou aos beijos ao Benjamim para depois dizer: " Eu acho que ele está com febre".
    Foi aí que me desmanchei. Também gostávamos de poder levar ao médico, estar em casa teríamos outras condições e que estava a ser difícil. Vieram me as lágrimas, tive que sair para me recompor.
    "Mas difícil porquê?" Perguntou.

    Por não ter uma casa, uma cozinha, a comida dos restaurantes é muito salgada.
    "Mas em Portugal também vai ser difícil" respondeu.
    Eu tenho que manter a calma mas por dentro estou com uma raiva enorme. Em Portugal, também será difícil mas temos apoio, casa, cozinha.
    Dizia ela, "Tenho mesmo que ir porque tenho muita gente para atender"
    Mas continuava lá a dizer parvoíce e a cuscar, quanto é que teríamos pago pelo processo de adopção...

    Ainda temos esperança que amanhã tenhamos o visto apesar da probabilidade ser baixa.
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