• O preço de ser turista

    October 3, 2024 in São Tomé and Príncipe ⋅ ☁️ 26 °C

    Queremos acreditar que não nos vêem como turistas que têm dinheiro. Na semana passada na roça Água Izé no meio de frascos de vinho de palma fomos convidados para almoçar com o poeta do vinho.

    Ao longo da semana, o Carlos, o nosso guia, falou várias vezes connosco para ver se confirmávamos a nossa ida, porque supostamente ele fazia de intermediário. Acabamos por confirmar no dia anterior, apesar de não estarmos muito convencidos.

    A caminho da roça, vi o poeta na estrada com um cesto na cabeça a ir na direção contrária... Quando lá chegámos, o Carlos disse que o poeta tinha ido trabalhar mas para não nos preocuparmos porque eles iam arranjar alguma coisa. Fomos para a casa de um deles, o convívio até foi agradável, eram dois miúdos simpáticos com uma boa conversa. Cozinharam arroz, uma omelete de micócó e fritaram banana pão.

    Demos 8 euros para comprarem 4 cervejas (obviamente que esse não será o preço para eles). No final, o Valentim quis lhes dar mais 200 dobras (8€) para cobrir os custos, sobrando mais algum. Ao que obviamente disseram que isso não cobraria os custos. Claramente num país onde o salário mínimo é 100€, esse arroz com ovo e banana não custou 2€. No meio da pressão acabámos por dar mais 200 dobras. Pagando quase o valor de uma refeição num restaurante. Sinto-me enganada, principalmente porque não é claro desde o início, nem o preço é justo.

    Ao sair da roça, o Valentim atropelou um cacho de banana que estava à venda. Gerando uma confusão à nossa volta. Na realidade, a senhora só queria dinheiro para compensar a perda. Pensei logo que iria pedir mais uma fortuna. No final ela só pediu 20 dobras, provavelmente muito mais caro do que se vendesse. Isso também me faz refletir sobre o absurdo que os outros miúdos receberam... No meio da confusão, onde o Valentim só pedia desculpa, acabaram por se juntar o Carlos, o Nelson da FACA que tínhamos conhecido na semana anterior e o Eloísio, o nosso cozinheiro que acabou por pagar as 20 dobras.

    Para terminar as férias, nada melhor que uma casa literalmente em cima do mar, com um parque infantil, comida incrível e tartarugas a virem desovar durante a noite no Tortue Ecolodge.
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