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  • Day 8

    Argentina, Buenos Aires 1

    August 5, 2018 in Argentina ⋅ ☀️ 13 °C

    Buenos Aires é enorme vista do ar! Plana, com o Rio de la Plata que mais parece um mar com o seu estuário que se alarga por vinte quilómetros.
    À saída do aeroporto empunho o telemóvel para confirmar direções. Um velho careca roda o indicador na têmpora e chama-me “chica loca”. Manda-me guardá-lo. Porém, nos dois dias que aqui passamos, nunca senti que alguém quisesse ficar com ele. As pessoas caminham normalmente de telemóvel na mão a falar ou a ouvir música, e todas parecem ter um telemóvel melhor que o meu 😁.

    Ficamos no coração da cidade, numa perpendicular à Av. 9 de Julio, com as suas vinte faixas de rodagem e milhares de carros e autocarros que circulam constantemente. A rede de metro é insignificante comparada com os autocarros que inundam as ruas da capital. E é de autocarro - omnibus - que nos deslocamos normalmente. Nem sempre é fácil. O 33 tem um rota definida, mas nem todos os 33 chegam ao final da rota. Assim é com qualquer carreira. É preciso perguntar sempre e anunciar o nosso destino ao condutor que digita o código certo antes de colocarmos o cartão SUBE para descontar o valor certo. Após dois dias percebemos o funcionamento, mas penso que levaria meses a afinar até chegar à mestria da rede rodoviária de Buenos Aires.

    Domingo é dia de San Telmo. A rua está fechada ao trânsito e há tendas de comida mexicana e equatoriana dos dois lados. Ao fundo um palco com danças típicas a decorrer. Há também postos de recenseamento e apoio aos imigrantes do México e do Equador.
    Por trás do palco já conseguimos ver a Casa Rosada, de onde Evita Peron fez o seu famoso discurso. Maradona também a usou para agradecer aos seus fãs.
    Passeamos pela zona pedonal da Flórida e reservamos o nosso show de tango. Temos ainda tempo para descansar um pouco no apartamento de estilo descontraído onde ficamos. Gisela, a proprietária, conta-nos que era o apartamento dela, mas que optou por morar nos subúrbios, em Palermo, por ser mais sossegado. É um apartamento com alma. No primeiro andar, tem um pé direito enorme, uma sala e uma copa espaçosas, um terraço magnífico cheio de plantas, espreguiçadeiras e mesa para jantar e ainda dois jardins interiores que devem ser fresquinhos no verão. Os livros das viagens que fez e que os viajantes vão deixando tornam este espaço cheio de vida. É só nosso. É época baixa e, por isso, o outro quarto está vazio. Cláudia, é a nossa anfitriã durante o resto do tempo. Prepara-nos o pequeno almoço e o quarto de maneira zelosa, sempre com um sorriso pronto.
    Mas, estava a falar de tango. Ainda que se vejam competições de tango argentino na televisão, o tango aqui não é uma competição. É como ir ao teatro. O espetáculo conta uma história. As bailarinas não parecem ter ossos e atiram as pernas como se delas se quisessem ver livres. É até um pouco violento e dorido. Tem doçura também na voz dos cantores e nos rostos vincados dos homens que parecem ao mesmo tempo implorar a atenção das mulheres com quem dançam. Uma das danças é na primavera, um enamoramento... maravilhoso. Apesar de não haver cenário consegui imaginar a paisagem bucólica por trás do bailado. Era uma dança de homens que passou a acolher mulheres e é assim que o espetáculo começa... homem com homem.
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