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  • Day 17

    Chile, Ilha de Páscoa 3

    August 14, 2018 in Chile ⋅ 🌧 20 °C

    A manhã chegou com uma chuva forte e um nevoeiro que não nos deixaram ver a cratera do vulcão Ranu Kao - enorme, pelo pouco que pudemos ver, mas semelhante à cratera do vulcão do Faial. Pela mesma razão não conseguimos visitar a aldeia da cultura do homem pássaro. Segundo reza a história, era um sítio de ritos de iniciação. O próximo líder da comunidade era escolhido pela sua bravura e teria que descer a falésia, defrontar-se com a força das ondas e correntes marítimas, nadar até ao ilhéu em frente à aldeia e trazer um ovo de um determinada pássaro intacto. Claro que muitos morreram nesta tentativa e claro também que não eram os próprios candidatos à chefia que se dispunham a desempenhar este papel. Os seus servos faziam-no por eles.
    A tarde fez-se mais convidativa e passeamos no sentido contrário a Tahai. Nesta zona está o museu da cidade, o hotel de grandes dimensões, e grande controvérsia, e o porto para embarcações maiores. Daqui vimos equipas de remadores a treinar e a testar caiaques com uma espécie de asa lateral que impede que se virem no mar. Um dos remadores pergunta de onde somos e claro que exclama logo “Cristiano Ronaldo!”
    Quanto ao hotel e à sua controvérsia, é sabido que na Ilha de Páscoa só pode ser detentor de terrenos quem for nativo da ilha e esta grande faixa de terreno junto ao mar foi adquirida por meios escusos, quebrando a lei de Rapa Nui. Todo o hotel tem canas espetadas à sua volta com bandeiras negras. Em algumas pode ler-se “hotel pirata”. Faixas de palavras de ordem estão colocadas em ambos os lados da rua em sinal de protesto e desacordo com a situação.
    Pôr-do-sol na baía onde tínhamos ouvido as crianças a treinar danças e cânticos populares, agora com surfistas e body borders a testar as ondas Rapa Nuienses. Mas, o espetáculo na academia Kari Kari aguarda-nos e dá-nos mais dicas sobre o modo de viver desta gente que está avidamente a resgatar o passado e a dar passos largos para não perder as suas raízes levando a sua cultura ao mundo através dos olhos de quem a visita e das suas saídas para mostras de cultura. Apesar de já terem estado presentes na Europa, o sítio onde aprendem mais é nas outras ilhas da Polinésia onde os costumes são mais parecidos com os seus. A sua luta pela sobrevivência não tem agora a ver com meios de subsistência. São poucos habitantes e o turismo parece ser suficiente para terem uma vida acima da média dos países sul americanos. Esta é uma luta pela aprendizagem, pela união, pela humildade e pelo regresso às raízes.
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