• Comunidade

    February 8, 2022 in Brazil ⋅ 🌧 28 °C

    Acordei durante a noite a ouvir muitos barulhos à volta do barco, imaginei que fossem peixes. Quando ouvi o motor do barco e vi o barco a andar imaginei que o barco se tinha soltado e com a corrente que era bem forte seguiu caminho. Foi isso mesmo que aconteceu. A sorte foi que o capitão acordou e percebeu que algo estava errado.

    A manhã foi passada no Kayak rio abaixo a acompanhar o barco que em vez de ligar o motor seguia com a corrente. Atracamos o barco junto a uma comunidade, onde moram quase 300 pessoas. Quase toda a família do capitão mora lá.

    Fomos ver um jogo de futebol do Palmeiras para o mundial de clubes na casa do irmão do capitão. Também passámos na casa da irmã onde provámos um fruto de uma palmeira que cozida sabia a batata doce.

    As casas eram de madeira apenas com uma sala grande e uma cozinha. Pelo que me parece, à noite eles montam as camas de rede na sala e vira quarto. Nas traseiras da casa da irmã um banco de madeira e uma cama de rede com vista privilegiada sobre o rio foi o palco de muitas histórias que o cunhado nos contou.

    Desde as onças que o atacaram e ele teve que matar com uma pistola, os negócios de madeira e reconhecimento dos terrenos, a morte do irmão pelo cunhado, negócios de gado que estão a ficar mais rentáveis que a madeira, viveiros de pirarucu, uma chinesa que vinha fazer negócios de milhões com madeira, os verões passados a pescar quando o rio fica com muito menos água dando origem a várias praias, enfim...

    Ele adorava estar aí e não queria ir a cidade por nada. Pelos vistos só ia obrigado, nos dias de eleições. O governo paga o transporte a toda gente para ir votar à cidade em vez de trazer as urnas à comunidades.
    Quando o calor diminui o Valentim foi jogar a bola e eu fiquei na conversa com o António e os irmãos do capitão.
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