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- Day 75
- Thursday, February 10, 2022
- 🌧 30 °C
- Altitude: 15 m
BrazilSão Sebastião do Uatumã1°59’47” S 58°11’4” W
Jabuti

A noite na selva foi complicada.
Às onze da noite acordei com um tiro de uma caçadeira muito perto do nosso acampamento. Estava num sono profundo, acordei com o meu coração a disparar. Já acordada comecei a ouvir vozes ao longe e passado pouco tempo comecei a ver luzes. Uma canoa com duas pessoas a apontar luzes viram-nos e começaram a aproximar-se. O meu receio de estar num território que não era o nosso, ou uma bala perdida dos caçadores, achei que o melhor era fingir que estava a dormir.
Tinha aprendido que os caçadores noturnos encandeavam as presas para as poder matar mais facilmente, porque todos os olhos brilham quando se aponta uma luz.
Fiquei calada, um pouco apavorada, só descansei quando eles pararam a canoa ao lado do capitão. Chamaram no pelo nome e ficaram 2min na conversa antes de seguir caminho debaixo do luar. A noite foi longa, acordei várias vezes a pensar na onça e o Valentim com medo dos macacos.
Ao amanhecer, o capitão levantou-se para reacender a fogueira ainda em brasas. Mas outra chuva torrencial veio atrapalhar os seus planos. Como eles têm sempre uma solução para tudo foi buscar o guarda chuva e ficou a proteger o fogo até a chuva o parar. Ainda deu para fazer tostas ao pequeno almoço.
Depois de desmontar o acampamento descemos o rio na nossa canoa, desta vez com o motor desligado até chegar ao lago de espelhos. De manhã o som da floresta é mais intenso, com as aves que nunca se calam, os macacos com os seus gritos roucos e muitos sons que nem percebemos bem. Provavelmente muitos animais ficam só escondidos à espera que passássemos.
De volta ao nosso barco, o nosso porto seguro, sentíamos nos felizes pela experiência, mas ainda mais felizes por estar de novo no barco, sem os medos todos que assombraram a nossa noite.
O barco foi descendo o rio com a força da corrente até às duas da tarde quando bifurcamos num dos braços do rio para atracar o barco onde íamos passar a noite. Antes de dar um passeio de Kayak ao final do dia, fomos fazer uma caminhada com o objectivo de encontrar bichos, como por exemplo um jabuti - é parecido com uma tartaruga mas mora nuns buracos debaixo das árvores.
Não chegámos a ver qualquer animal, possivelmente porque o Ismael, com os seus 5 anos, não parava de falar. Vimos apenas umas pegadas de viado e outras de antas. O solo e a vegetação aqui é bem diferente. O solo parece de areia, por isso quando caminhávamos na areia o capitão ia marcando o caminho com um pau, para podermos regressar pelo mesmo sítio.
Hoje jantámos pirarucu, o bacalhau da Amazónia.Read more