América do Sul

July - September 2018
A 36-day adventure by Maria & Wolfi Read more
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  • Day 10

    Uruguai, Colonia del Sacramento

    August 7, 2018 in Uruguay ⋅ ☁️ 17 °C

    Colonia del Sacramento tem a Cidade Velha classificada como património na UNESCO. É como um museu a céu aberto de história do Uruguai, com portugueses e espanhóis à mistura. Há construções de 1700 e, em algumas partes consegue ver-se uma casa de estilo beirão ou peças de mobília portuguesas. Mas também se vê o ancoradouro com estilo americanizado ou a igreja mais ao estilo do Sul de Espanha - simples e desprovidas de grandes sumptuosidades. O tempo aqui passa lento. É época baixa e podem-se percorrer as casas dos artesãos sem grandes multidões. As galerias são pequenas, localizadas nos espaços meticulosamente recuperados e podem aí comprar-se peças de autor. Coisas maravilhosas de cores deste mundo. O nosso modo de viajar não permite excessos. Viajamos leves e com o mínimo de peso. Isso é bom. Aguçamos a memória para os detalhes verdadeiramente importantes e mantemos o foco na viagem.
    Ao fim do dia, aquele por do sol vermelho por entre as nuvens e a desaparecer no mar na baía de Colonia ficará para sempre. A nossa Posada de la Flor com o quarto Magnólia também, e o estômago ficou feliz com um Chivito uruguaio - versão de uma francesinha sem molho que consegue ter ainda mais ingredientes...
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  • Day 11

    Uruguai, Montevideo

    August 8, 2018 in Uruguay ⋅ 🌧 15 °C

    Montevideo estava gélido, mas sem a chuva que era prevista. Pudemos passear pela Ciudad Vieja sem bagagem. Há sítio para a deixar no Terminal de omnibus Tres Cruces. Tal como em Buenos Aires, aqui usa-se o autocarro. Tal como em Buenos Aires, aparecem em fila para todos os destinos possíveis. Mas na Ciudadela caminhamos e pasmamos com a riqueza arquitetónica que aqui encontramos. O frio chamava para dentro dos edifícios e paramos um bom tempo na livraria Puro Verso, mesmo a seguir à porta da Ciudadela. O café é excelente e ajuda a recuperar o calor. A livraria é bonita mas um pouco maltratada pelo tempo. O Mercado del Puerto já estava a fechar, mas ainda foi possível enviar daqui os clássicos postais para lembrar quando chegarmos a casa. Mais tarde regressamos ao terminal e daí novo autocarro nos leva ao mais moderno aeroporto em que já estive - última tecnologia. É um sítio confortável e onde as três horas de espera passam a voar.Read more

  • Day 12

    Chile, Santiago 1

    August 9, 2018 in Chile ⋅ ☀️ 20 °C

    Chegámos de madrugada a Santiago. Álvaro esperava-nos no apartamento que escolhemos para ficar pertinho do centro da cidade. É professor de biologia e explicou-nos uma montanha de coisas sobre o apartamento, a cidade, a comida e os costumes do seu povo. Falava pelos cotovelos!
    Acordámos tarde. O supermercado é do outro lado da rua. Preparámos um brunch! Caminhámos lentamente até à Plaza de Armas. É o coração da agitação nesta tarde quente de inverno. Estão cerca de 26 graus e há jazz no coreto e missa cantada dentro da catedral. De frente para ela a orgulhosa escultura em pedra de um índio Mapocho vinca o povo sul americano que se converteu à religião católica e se ajoelha no chão da igreja em penitência, mas que expulsa os seus espíritos no seu folclore e música. Os espanhóis fizeram bem o seu trabalho! A catedral metropolitana, o correio central e o palácio real são prova arquitetónica disso.
    O Mercado Central, direcionado para turistas, tem uma grande oferta de bancas de peixe e de restaurantes de marisco e peixe a preços equivalentes aos países mediterrâneos. É um sítio bonito e com vivacidade, onde nos perguntam a nacionalidade porque sabem que somos turistas. Decidimos avançar um pouco mais e, de repente estamos no mercado onde os chilenos vão às compras. O bulício aqui é outro! O pregão é constante e algumas pessoas manda-nos estar de olho vivo. “Turistas? Mira a tu vuelta! Ojos abiertos! Peligro!” Mas mais uma vez, não senti que ninguém quisesse nada de mim. O simples facto de envergarmos roupas limpas distingue-nos no ambiente de rostos tisnados pelo sol, de roupas de trabalho e casacos de lã e botas enlameadas das ruas de terra batida que circundam este outro mercado. O meu casaco de penas branco e as calças de ganga limpas estão notoriamente deslocados aqui.
    Voltamos ao centro da cidade e detemo-nos por um pouco na Antiga Estação Ferroviária de Mapocho, agora centro cultural, para de seguida caminharmos ao longo do rio, atravessarmos o parque florestal e acabarmos no bairro artístico que acolheu em 2010 o centro de artes de Santiago de Chile - Centro Gabriela Mistral (GAM). O cansaço da noite anterior ainda está presente e limitámo-nos a ir comprar os bilhetes para o autocarro para o dia seguinte para Valparaiso e os ingredientes para o jantar, pela primeira vez feito em casa.
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  • Day 13

    Chile, Valparaiso

    August 10, 2018 in Chile ⋅ ⛅ 14 °C

    Saltar cedo da cama para ir ao encontro de Neruda, Valparaíso e Viña del Mar, não custa. Depois de uma hora e pico de autocarro optámos por fazer uma visita guiada por toda a cidade de Valparaíso até Viña del Mar. Desta vez chama-se Guilherme o nosso guia. Faz a visita em espanhuguês e inglês arranhado, mas a sua simpatia suplanta as dificuldades linguísticas. Já ouviu falar de Lisboa e acha que é parecida com Valparaíso. Na realidade, nada tem a ver. O colorido das casas, a arte de rua, o bulício do povo sul americano não se podem comparar à cosmopolita Lisboa. Talvez as colinas, mas mesmo estas são deveras subtis comparadas com as íngremes ruas de Valparaiso. Ele próprio compara algumas áreas com a cidade de São Francisco... talvez se refira aos elevadores, mas também há os funiculares.
    Os olhos comeram as cores da cidade assim como o palato apreciou a empanada de queijo e camarão servida ao almoço na Casa Azul - Cuatro Ventos- encantadoramente equilibrada na falésia com vista para o porto. Faz-me lembrar a Casa das Quatro Empenas, de Nathaniel Hawthorne. Estava um dia de nevoeiro que às vezes fechava como uma parede branca. São estes os dias que tornam o mar misterioso e os vultos dos navios de carga no porto fantasmagóricos. Os vermelhos e brancos estão esbatidos e os contentores coloridos parecem uma aguarela já gasta. Tudo combina com a pátina do tempo que cobre os edifícios de salitre e ferrugem que dão um charme característico à cidade. É outra galeria de arte a céu aberto. Vamos até a La Sebastiana, a casa de férias de Pablo Neruda em Valparaíso. É quase no cimo de um cerro de onde se vê toda a encosta e o mar, mas também mais acima. Esta foi uma terra que pertenceu a alemães, britânicos e franceses, que a foram dividindo em religiões e bairros de arquitetura característica destes países. Até os cemitérios são distintos. Guilherme vai orgulhosamente falando da história da sua cidade e desvendando recantos desta cativante atmosfera. Há miradouros com vistas de cortar a respiração. A única coisa que não conseguimos ver foi o mar. Quando chegamos a Viña del Mar, Guilherme vai descrevendo a paisagem da orla costeira, pedindo-nos um esforço de imaginação. Mesmo na praia, já a pisar a areia, em cima do mar, a visibilidade deve rondar os dez metros... mas um pouco para dentro na cidade é possível ver que nada tem a ver com a cidade vizinha. Podia ser a zona chic de qualquer cidade europeia. Tudo é novo, não há graffiti em lado nenhum e as estradas são absolutamente perfeitas. Visitamos os sítios mais emblemáticos: o relógio de jardim oferecido pelo governo Suíço, o Moai de cerca de três metros oferecido pelo governo regional de Rapa Nui e a arena de espetáculos de música que atrai músicos de todo o mundo.
    Já de volta a Santiago acabamos num bar da Avenida Brasil a comer uma churrillana bem avantajada, que dividimos, a par com dois chopp de meio litro!
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  • Day 14

    Chile, Santiago 2

    August 11, 2018 in Chile ⋅ ☀️ 17 °C

    Dia preguiçoso por Santiago. Vamos caminhando ao sabor duma rota planeada no dia anterior num caderno quadriculado que havia lá por casa.
    No Barrio Yungay detivemo-nos a fotografar e contemplar grafitti que, apesar de ser constante na cidade, não nos para de surpreender. Está uma tarde de sol e a temperatura convida a uma caminhada mais lenta. Está calor.
    La Moneda é o palácio presidencial que tem uma bandeira gigantesca do Chile num porta estandarte de uma altura considerável! Perto há uma zona pedonal de lojas de marcas multinacionais e cafés. Na rua há vendedores de sumo de laranja acabado de espremer, cachorros quentes e “mote com huesillos”, uma bebida... comida... mistura de trigo cozido com pêssego em calda e uma calda doce de água e xarope de cana de açúcar. Simplesmente delicioso e viciante assim fresquinho como o bebemos... comemos... Passamos em frente à casa Londres 38, um dos últimos pontos clandestinos de tortura do regime Pinochet a serem descobertos, que apenas se encontra aberto para visita aos de segunda a sexta, para pena nossa. Avançamos assim para o Cerro de Santa Lucia de onde se pode avistar a Cordilheira do Andes coberta de neve e também as montanhas que fazem a divisão para o Pacífico. Passámos por uma das muitas feiras artesanais que pontilham a cidade. É frequente a venda de produtos derivados de canabis a par com o artesanato sul americano. É sábado e a cidade está em modo de descanso, por isso, os seus cerca de sete milhões de habitantes andam na rua aos magotes. Claro que há turistas também, mas as pessoas que inundam as ruas da cidade são os chilenos. Quando caminhamos para o parque florestal através do Barrio Lastarria - bem conservado na sua arquitetura europeia - uma justa pausa acompanhada de uma generosa fatia de bolo de chocolate e café americano restabelece as energias e aquece-nos num fim de tarde em que a descida de temperatura faz justiça à estação do ano. Mais uma caminhada, desta vez até à casa de cidade de Neruda - La Chascona. É nesta zona que parecemos miúdos numa loja de doces. A cada passo um grafitti mais bonito do que o outro, até chegarmos a La Chascona, com a sua arquitetura invulgar e os jardins circundantes bem planeados. Cá fora, uma banda de músicos jovens toca de uma forma descontraída, fazendo a gravação em vídeo nos telemóveis. É assim que agora se criam furos de popularidade no YouTube, quem sabe. A mim pareceu-me bem. O ambiente neste bairro é fantástico! Está cheio de bares, tem um pátio enorme que funciona como centro comercial a céu aberto e uma das muitas universidades de Santiago! Fervilha de vida e bebida.
    É a véspera da Ilha da Páscoa!
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  • Day 15

    Chile, Ilha de Páscoa 1

    August 12, 2018 in Chile ⋅ ⛅ 20 °C

    Já chegámos depois do almoço e imediatamente sentimos a diferença de temperatura e a humidade. Uma ilha longe de tudo com clima subtropical. Podem ver-se os abacateiros, as goiabeiras e as mangueiras por toda a ilha. Caminhámos em direção ao mar e desembocamos no pequeno porto de pescadores onde vemos o primeiro moai. Pequeno, mas altivo está virado para o mar. Só sete estão virados nesta direção. Tomam conta dos navios que aproximam, como sentinelas. Os restantes estão virados para terra para garantir a segurança dos seus. Era uma civilização virada para o culto dos ancestrais. Por baixo dos moai estão os ahu, que mais não são do que o local de descanso dos ancestrais. As estátuas são feitas da pedra retirada da cratera do vulcão Ranu Raraku. Estranhamente, eram esculpidas diretamente na crista do vulcão é só depois eram cortadas e transportadas para os locais de culto. Foi assim, neste transporte, feito com as palmeiras autóctones, e na construção de embarcações, que dizimaram toda a floresta e deixaram a ilha entregue aos elementos. A erosão é visível.
    Mas estava a falar do porto de pesca. Foi aqui que vimos as nossas primeiras tartarugas gigantes. Um velho pescador, com uma visível paixão por elas, anuncia a sua presença a todos que se aproximam. Diz que há muitas e que a maior mede um metro e sessenta e cinco. Não sei qual vi, mas pareceu-me imponente na sua aparente lentidão que não nos dá tempo para tirar uma fotografia logo à primeira.
    Depois desta surpresa, caminhámos em direção ao complexo arqueológico Tahai. Aqui começa a aumentar o tamanho das estátuas. Não é possível caminhar por entre elas. São sítios cerimoniais e é como se pisássemos solo sagrado. Para além disso, anunciam-nos que o material de que tudo é feito é frágil - é rocha vulcânica com todas as características que lhe estão associadas. Maravilhamo-nos com a dimensão de tudo. Com o verde e azul intensos da ilha e com a imponência destas caras sérias que verdadeiramente parecem estar de sentinela. Passamos também pelo cemitério de Hanga Roa, a capital, e também aqui as diferenças são muitas. As cruzes praticamente não existem, mas há esculturas de madeira e pedra a embelezar as campas.
    A vida é muito cara em Hanga Roa. O preço médio de um prato de comida ronda os vinte e cinco euros, mas os “completos” - cachorros quentes com molho de abacate e tomate fresco picado com cebola - ou as empanadas e fajitas de polvo, atum, camarão são deliciosas e a preços razoáveis.
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  • Day 16

    Chile, Ilha de Páscoa 2

    August 13, 2018 in Chile ⋅ 🌬 21 °C

    Ainda temos muitos dias de viagem pela frente, mas este é de certeza inesquecível. O tempo estava maravilhoso. Apesar de nos terem sempre dito que teríamos carro para alugar diretamente no hostel, no fim tivemos que alugar numa agência na rua. É muita a oferta. Optamos por um Jimny - 4X4 da Suzuki, muito popular aqui. Ao assinar o contrato verificámos que o seguro não está incluído. Pergunto porquê e a resposta é desconcertante. Simplesmente porque não existem companhias de seguros na ilha e porque o limite de velocidade é de 50km/h. Não importa, porque por mais que se acelere, o carro só vai até aos 60km/h...
    E é aqui que começa a aventura e o encantamento. O percurso que escolhemos é pela orla marítima e a força das ondas de mar alto contra as escarpas vulcânicas é um espetáculo irresistível. Temos que parar para sentir o salitre a penetrar na pele e ver a água a saltar metros acima do nível da plataforma na ilha. Sabemos que temos muitas paragens pelo caminho e vamos verificando no mapa onde se encontram os “ahu” e seus respetivos “moai”. Aprendemos com os guardas do parque como eram as suas técnicas de construção e também as agrícolas. Vemos como era agreste o modo de vida desta gente, como já tinham conhecimento do uso de ervas medicinais e as cultivavam a par com as culturas comestíveis e as plantas que usavam para retirarem fibras para fazer tecidos para vestuário. Era uma sociedade remota, mas complexa e estruturada. Na maior parte dos sítios não há turistas em excesso. Basta ser um pouco paciente e é fácil encontrar solitude e silêncio, deixando espaço só para o vento nas poucas árvores da ilha ou o murmúrio do mar. Quando chegamos a Rano Raraku o espetáculo é deslumbrante. Aqui pudemos ver a cratera do vulcão onde eram esculpidos os moai e caminhar por entre eles, na encosta oposta. É um sítio de uma maravilha natural combinado com o poder da força humana que me deixa a pensar sobre o que move o Homem nesta busca incessante de domar a natureza.
    Nas curvas e contracurvas da suave montanha, quando achamos que já tínhamos visto tudo, abre-se para nós a baía onde repousa Tongariki - os quinze imponentes moais de costas para o mar. Veem-se ao longe distintamente recortados contra a baía azul com uma espuma de azul gelo trazida pelas ondas indomáveis. Está vento e a crista da onda volta para trás numa névoa branca surreal. É uma visão mágica.
    Não é possível descrever a sensação de paz e de união com a natureza quando, passado o deslumbramento, me deito na erva suave e sinto o calor que vem desta terra vulcânica misturado com o marulhar do mar, tendo em frente os sérios moais que também parecem contemplar-me. Tenho um certo sentimento de segurança. É fácil sentir-me parte daquele lugar. Bem-vinda!
    Os vestígios de arte rupestre estão espalhados por todo o lado. Às vezes nos moais também, mas em Paka Vaka as evidências são incríveis. Daqui seguimos para norte, para Anakena, a única praia de areias brancas. Tão brancas e finas que quase parecem farinha. Também aqui os moais estão presentes. Destacam-se ainda mais por causa do contraste da pedra vulcânica com a a areia branca. Quando aqui chegámos o vento era tão forte que parecia uma tempestade no deserto. Mas ao chegar à baía a água tem uma temperatura maravilhosa e, apesar de ser inverno, há pessoas que não resistiram a um mergulho no Pacífico. Não é o nosso caso. Mas a caminhada ao longo da praia, as palmeiras que a circundam e toda a envolvência reportam a esta parte tão deslocada da Polinésia a que os habitantes referem pertencer. Na realidade a mim não me importa a quem pertencem. Sinto-me no paraíso.
    Ao fim do dia, regressados a Hanga Roa, podemos ainda apreciar o pôr-do-sol dentro do Jimny, com Tahai e o Oceano Pacífico sem fim bem à nossa frente.
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  • Day 17

    Chile, Ilha de Páscoa 3

    August 14, 2018 in Chile ⋅ 🌧 20 °C

    A manhã chegou com uma chuva forte e um nevoeiro que não nos deixaram ver a cratera do vulcão Ranu Kao - enorme, pelo pouco que pudemos ver, mas semelhante à cratera do vulcão do Faial. Pela mesma razão não conseguimos visitar a aldeia da cultura do homem pássaro. Segundo reza a história, era um sítio de ritos de iniciação. O próximo líder da comunidade era escolhido pela sua bravura e teria que descer a falésia, defrontar-se com a força das ondas e correntes marítimas, nadar até ao ilhéu em frente à aldeia e trazer um ovo de um determinada pássaro intacto. Claro que muitos morreram nesta tentativa e claro também que não eram os próprios candidatos à chefia que se dispunham a desempenhar este papel. Os seus servos faziam-no por eles.
    A tarde fez-se mais convidativa e passeamos no sentido contrário a Tahai. Nesta zona está o museu da cidade, o hotel de grandes dimensões, e grande controvérsia, e o porto para embarcações maiores. Daqui vimos equipas de remadores a treinar e a testar caiaques com uma espécie de asa lateral que impede que se virem no mar. Um dos remadores pergunta de onde somos e claro que exclama logo “Cristiano Ronaldo!”
    Quanto ao hotel e à sua controvérsia, é sabido que na Ilha de Páscoa só pode ser detentor de terrenos quem for nativo da ilha e esta grande faixa de terreno junto ao mar foi adquirida por meios escusos, quebrando a lei de Rapa Nui. Todo o hotel tem canas espetadas à sua volta com bandeiras negras. Em algumas pode ler-se “hotel pirata”. Faixas de palavras de ordem estão colocadas em ambos os lados da rua em sinal de protesto e desacordo com a situação.
    Pôr-do-sol na baía onde tínhamos ouvido as crianças a treinar danças e cânticos populares, agora com surfistas e body borders a testar as ondas Rapa Nuienses. Mas, o espetáculo na academia Kari Kari aguarda-nos e dá-nos mais dicas sobre o modo de viver desta gente que está avidamente a resgatar o passado e a dar passos largos para não perder as suas raízes levando a sua cultura ao mundo através dos olhos de quem a visita e das suas saídas para mostras de cultura. Apesar de já terem estado presentes na Europa, o sítio onde aprendem mais é nas outras ilhas da Polinésia onde os costumes são mais parecidos com os seus. A sua luta pela sobrevivência não tem agora a ver com meios de subsistência. São poucos habitantes e o turismo parece ser suficiente para terem uma vida acima da média dos países sul americanos. Esta é uma luta pela aprendizagem, pela união, pela humildade e pelo regresso às raízes.
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  • Day 20

    Bolivia, La Paz

    August 17, 2018 in Bolivia ⋅ ☀️ 14 °C

    La Paz apanhou-me desprevenida com os sintomas de altitude. Apesar de saber que era possível, nunca tinha sentido assim. A sensação de necessitar de mais tempo para caminhar para o coração não acelerar, já me era familiar, mas as dores de cabeça, as náuseas, a rejeição à comida e os vómitos foram todos novidade para mim. Isso significou que no primeiro dia praticamente só dormi, para ver se o corpo se adaptava.
    E adaptou! No segundo dia já foi possível fazer um passeio num autocarro turístico para ver a cidade. O Vale de la Luna e o Miradouro Kili Kili são sítios fantásticos. No vale é possível ver as formações feitas pela água na argila. Talvez lhe chamem assim por se parecer com a superfície da lua. Do miradouro tem-se uma panorâmica de toda a cidade até El Alto, onde fica o aeroporto localizado em maior altitude. É uma visão assombrosa. A maior parte das casas não têm reboco ou pintura e, por isso, é quase como se estivéssemos de frente para um bairro de lata monumental com todo a beleza e assombro que isso pode trazer. É de El Alto que chegam à cidade as cholitas. São as tradicionais mulheres bolivianas que aparecem sempre nos documentários, com as saias rodadas muito armadas à moda do século XVII. Cópias mais curtas dos vestidos da alta sociedade da altura. Sim, porque as cholitas trabalham arduamente e correm desenfreadamente pela cidade com as suas cargas às costas em busca de não sei o quê. Mesmo nestas correrias conseguem equilibrar o chapéu, também ele da mesma época, sem nunca o deixar cair. Os chapéus foram um negócio da China feito por um vendedor de chapéus britânico que recebeu um carregamento de chapéus demasiadamente pequenos. Grande charlatão, convenceu as damas da sociedade que esta era a última moda na Europa e o que é facto é que até hoje as cholitas, que tentaram copiar as damas da sociedade, usam estes chapéus encarrapitados na cabeça. Se os usam na vertical é porque são casadas. Se os usam inclinados para um dos lados da cabeça é porque são solteiras. São normalmente tímidas e não gostam de fotografias, mas lá conseguimos roubar uma ou outra. Ainda conseguimos dar uma escapadela de teleférico ao Cementerio General. É um cemitério com gavetões que se acumulam uns por cima dos outros numa altura de talvez três metros. Para chegar às campas superiores é preciso usar uma das inúmeras escadas coloridas que se encontram disponíveis. Só a fachada do gavetão tem um quinze centímetros de profundidade onde se podem colocar flores, brinquedos, comida, garrafas das mais variadas bebidas, enfim, o que estiver ao alcance da imaginação de qualquer um. No caminho de volta ainda passámos pelo Mercado de las Brujas, com os seus fetos de Lamas pendurados, ervas medicinais de toda a espécie e altares pré preparados para fazer as mezinhas de boa sorte, proteção dos carros ou do casamento ou do que mais preocupar os clientes, que se sentam à espera como se fossem ao médico. Enfim, genial!
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  • Day 21

    Bolívia, Titicaca - Copacabana e Isla de

    August 18, 2018 in Bolivia ⋅ ☀️ 8 °C

    A Natureza surpreende-nos sempre e hoje foi um desses dias com o infindável Lago Titicaca, o mais elevado do planeta. É o resultado do “enrodilhar” da Cordilheira dos Andes que continua a aumentar três centímetros a cada cem anos. Na Isla del Sol - no meio do lago - é possível ver as mulheres venderem fósseis de animais marinhos. É nesta ilha que se diz ter sido o berço da civilização Inca. Logo na primeira subida deparamo-nos com o Templo do Sol Pilcolkaina, supostamente o primeiro Templo Inca. A travessia até e da ilha com partida e chegada a Copacabana é também impressionante, especialmente se se puder optar por ir no tejadilho do barco. Copacabana, esta Copacabana, é na realidade a original. Uma imagem de nossa senhora de Copacabana foi enviada daqui para o Rio de Janeiro e assim foi baptizada a praia. Claro que existe uma igreja de Nossa Senhora de Copacabana em ambos os sítios. Aqui nota-se que as pessoas são muito religiosas e supersticiosas também. Quando chegamos à baía há vários carros enfeitados com flores e confetis que supostamente foram benzidos por um padre. Os carros não são só bolivianos. Também há vários do Perú - a fronteira é a 10 min - e da Argentina. Costumes diferentes...
    Mais uma vez no autocarro, passada a fronteira para o Perú, podemos ver o pôr-do-sol mais espetacular e vermelho dos últimos dias!
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