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  • Day 208

    Goa

    February 14, 2023 in India ⋅ 🌙 28 °C

    Faz 2 semanas desde a última entrada, ainda estávamos em Hampi. Desde então passou Goa e este é o último dia que estamos em Rishikesh. A quantidade de experiências únicas, a vontade de vivê-las ao máximo e querer que fiquem bem registadas na nossa memória é um esforço enorme, digno do rei Sisifo, porque com o tempo estas memórias vão-se desvanecendo ou misturam-se com as que já temos de outros sítios e parece que perdem um pouco a sua autenticidade. Por isso tenho tardado mais em escrever sobre estes momentos porque é sinal de que estão a chegar ao fim e também porque sei que dificilmente vou conseguir descrever tudo aquilo que vemos e sentimos de forma fidedigna. Este capítulo não começa muito diferente do anterior: com o motorista do autocarro aos gritos, anunciando a nossa paragem. Desta vez já estávamos acordados e preparados. Saímos na estação de Mapusa a uns 10km de Anjuna Beach, a zona onde decidimos ficar em Goa e apanhamos outro autocarro para a nossa guesthouse. Por esta altura já estamos treinados na arte de saltar de autocarro em autocarro, movendo-nos pela estação como autênticos locais, perguntando aos revisores onde temos que ir e depois de ziguezaguar uns quantos autocarros, todos iguais, sem placas com o destino e com mais uma ou duas ajudas do público acabamos por encontrar aquele que nos levará a bom porto.
    Chegámos, por fim, ao primeiro dos três hotéis em que estivémos. O quarto é dos mais modestos por onde passámos. É o que tem viajar com um baixo orçamento. Indo sempre à procura da melhor opção preço-qualidade (por esta ordem) umas vezes acerta-se e outras aceita-se. os seguintes dias ficámos num hostel em beliches, mas com boas condições e por último numa guesthouse com bons quartos mas sem o bem mais essencial no planeta Terra, água.
    Chegamos à praia. A primeira impressão que temos é que é uma praia destinada ao turismo de massas: bares de praia uns por cima dos outros e chapéus de sol dos mesmos bares, muito à semelhança do que vimos no Sri Lanka. Deitamo-nos nas espreguiçadeiras (que não se têm que pagar, ¡uau!) e passamos o dia a ler, a beber sumos de fruta durante o dia e a partir do pôr-do-sol cerveja estabelecendo a partir desse momento a rotina para os dias seguintes.
    Alugámos uma moto e fomos descobrindo pouco a pouco as praias à nossa volta. Umas mais desertas e/ou com maior beleza natural, outras mais populares onde se juntam os novos e velhos hippies e outras ainda mais exclusivas onde estão os resorts e as cabanas privadas à beira-mar. Todas elas têm em comum os bares com chapéus de sol, os vendedores ambulantes, os cães e as vacas que deveriam fazer já parte do postal de praia. As praias não sendo das mais bonitas que vimos têm todas bom ambiente, o tempo e a temperatura da água estão no ponto e convidam a estar relaxados estes dias sem grandes pressas ou planos.
    Assim que se faz de noite, as luzes dos bares acendem-se em uníssono para competirem com os suas vizinhas para ver qual é a mais estrobótica. Sobe-se o volume da música electrónica, tecnho, transe, minimal e outras variedades indestiguíveis e percebemos porque é que Goa é considerada a meca deste estilo de música. Todos os dias da semana há alguma festa a acontecer. Comprámos dois passes de 4 dias para um dos principais festivais em todo o ano, o Hilltop Goa, para podermos ter uma ideia de como é um festival de música na Índia. Apesar de que os preços fossem apenas para carteiras ocidentais, vimos bastantes nacionalidades diferentes, mas a maioria eram indianos . Os jogos de luzes, o sistema de som de ponta e toda a decoração envolvente surpreenderam-nos bastante, assim como o bom ambiente entre todos. Um dos pontos altos foi o concerto ao vivo dos franceses Highlight Tribe que, ao ritmo dos seus tambores, elevaram o espírito do seu público a outra dimensão.
    Para além da praia e da festa, a província mais pequena da Índia também é rica em história. É com um estranho carinho e sensação de familiaridade que visitamos a a capital, Panjim e Old Goa. Passamos por ruas e casas de construção portuguesa e com o rio ao fundo e as várias pontes (que são idênticas em nome e em forma com a sua homónima Vasco da Gama) é fácil imaginar que estamos em Lisboa. O nome das ruas, cafés e hotéis estão em português. Visitamos igrejas belíssimas que fizeram merecer a esta região a capital do cristianismo no Oriente e pudemos por uns instantes vislumbrar o qie seria a vida naquele sítio uns quantos séculos atrás.
    Mas uma semana passa demasiado rápido e já é hora de partirmos para o próximo destino. Decidimos à última hora apanhar um voo de Goa a Delhi e apanhar um autocarro no mesmo dia para Rishikesh, a capital do Yoga.
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