Berlim🇩🇪

Depois tive a ideia de ir ao memorial dos judeus mortos no holocausto. Ideia um bocado parva porque o monumento ficava ao lado do portão de Brandemburgo onde já tinha estado de manhã. Atravessei novamente a Unter den Linden sempre rodeada de turistas ingleses bêbados a gritar "Its coming home", porque no dia a seguir era a final do europeu. Mas lá consegui chegar, perto de Tiergarten. Vi também o memorial aos gays e aos povos Sinti e Roma mortos durante o maior genocídio de sempre. Mas o memorial aos judeus, como descrever. Gigante é a primeira palavra que me ocorre, gigante e escuro e frio. Nesse dia de manhã estava nublado, mas de tarde o tempo abriu e estava um sol mortífero. Mas mesmo assim, ao caminhar por entre os blocos enormes sentia tanto frio, não sei explicar. É assustador. Os blocos começam muito baixos, no chão mesmo. E então o chão ia se afundando e os blocos tornando-se cada vez mais altos, e eu tornava me cada vez mais claustrofóbica. Parecia que não ia conseguir sair dali. Um labirinto de blocos cinzentos e escuros, terrível. Talvez o objetivo deste monumento seja mostrar a quantidade de judeus mortos no holocausto, com a altura e a quantidade de blocos, ou que aquilo que começou de maneira quase inofensiva cresceu e tornou se num monstro que tirou a vida a 6 milhões de judeus. Li sobre a polémica aquando da construção do monumento, em que ia ser utilizada uma tinta anti grafitti nos blocos, produzida por uma empresa que durante a segunda guerra mundial andava a produzir Zyklon B, o químico usado nas câmaras de gás. Vi pessoas em cima dos blocos a comer gelados, a alongar, a descansar e senti que nenhum entendeu o significado dos mesmos. Também estava cansada, mas andei mais 5 minutos até ao Tiergarten e sentei me na relva, porque tenho noção. Há um bloco num canto gigante, que dentro tem um centro de informação bastante interessante. E depois caminhei uns minutos e cheguei ao parque de estacionamento. Para quem vê e não sabe, um parque de estacionamento normal, mas foi ali que Hitler se matou em abril de 1945. Depois da guerra os soviéticos tentaram destruir o bunker mas não conseguiram, então eventualmente encheram no com cimento só. No lugar há só uma pequena placa com muita informação e muitos detalhes sobre o Führerbunker. O bunker ocupava a parte central de Berlim inteira. Thats crazy. Mas pronto, só há uma placa porque as pessoas não queriam colocar um monumento la, para evitar que aquele lugar se tornasse um lugar de peregrinação para os nazis, uma "Fátima" para fachos. No lugar só estava eu e mais uns turistas ingleses que pararam e leram a placa e ficaram estupefactos, pois não imaginavam estar no sítio onde o Hitler se matou. Fiquei lá algum tempo, ainda atordoada com toda a informação que obtive através da placa, e depois fui apanhar um metro.Читать далее