América do Sul

Julai - September 2018
Pengembaraan 36hari oleh Maria & Wolfi Baca lagi
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  • Hari 22

    Perú, Puno to Cusco

    19 Ogos 2018, Peru ⋅ ⛅ 14 °C

    Este foi para mim um dia menos bom da viagem. No dia anterior jantei uma bela truta fumada que me soube pela vida, mas que decidiu amanhecer comigo. O nosso corpo tem destas coisas, quando o sobrecarregamos ele tem que nos parar de alguma maneira. A comida errada, combinada com altitude e uma viagem de oito horas de autocarro - com paisagens magníficas, no entanto com condutores louquíssimos - terminaram num fim de dia penoso para o estômago. O gerente do hostel em Puno foi incansável. Foi preparando mate de coca para amenizar os sintomas de altitude que estavam também a afetar a digestão. Concluindo, a passeata às Ulhas Flutuantes de Uros, que era para ser feita a dois, ficou apenas para mim nas fotos e relato do Wolfi que não adiantaria nada em ficar comigo. À chegada a Cusco na nossa nova parada também havia um chá de coca para ajudar. Lição aprendida! Altitude tem que se combinar com uma dieta muito frugal e amiúde... no meu caso. Decidi, porém, roubar umas fotos a Wolfi para mostrar como é Uros.Baca lagi

  • Hari 23

    Perú, Cusco

    20 Ogos 2018, Peru ⋅ ⛅ 15 °C

    Cusco é uma cidade a fervilhar de vida. A Plaza de Armas - nome dado a quase todas as praças principais das cidades da América do Sul por onde passámos - é deslumbrante com as suas varandas coloridas de estilo colonial espanhol e as igrejas construídas em cima das ruínas da cidadela Inca de Cusco. No centro da praça está a estátua de bronze de um rebelde Inca que foi aí executado. Cheia de turistas que os locais observam sentados nos bancos de jardim na praça principal. Na verdade é difícil dizer quem observa quem, porque a sua indumentária tradicional permanece, mesmo no mais jovens. Têm orgulho de quem são e envergam orgulhosamente as cores do Perú. O clima é aqui mais extremo e isso nota-se nos rostos curtidos pelo sol e pela montanha. Aqui os Andes elevam-se a três mil e quatrocentos metros, mas é inverno e o frio faz-se sentir. Tiramos o dia para passear calmamente e tratar de alguns detalhes antes de irmos para Machu Picchu - comprar o bilhete de autocarro ida e volta de Águas Calientes para as ruínas de Machu Picchu, o bolleto turístico que nos dá entrada nas principais ruínas Incas, tratar dos óculos do Wolfi que se desaparafusam a cada momento, localizar a agência onde teremos que ir buscar o carro, enfim, ao ritmo do que a altitude deixa.
    Ao entardecer enfio os meus dois casacos de penas por cima de mais três camadas, uma delas de lã merino, comprada de propósito para estas paragens. Passamos pelo Mercado principal como já é habitual e deparamo-nos com um sítio onde se pode realmente comprar tudo. A zona mais interessante é logicamente a que é mais diferente dos mercados portugueses. Vendem ervas medicinais, sei lá quantas espécies de batata e milho e lá pelo meio, umas larvas de inseto que ainda se mexem e que a vendedora me garante que são uma especialidade se as fritar - explica-me cuidadosamente o método - e garante-me que não há melhor remédio para os pulmões. Como se calcula, o meu entusiasmo para esta aventura gastronómica esmoreceu imediatamente no momento em que via as criaturas a contorcerem-se no tabuleiro onde estavam expostas.
    O frio obriga-nos a procurar locais mais acolhedores e o Museu de Arte Popular revela-se muito mais do que isso. É um resumo da história dos Incas, onde o artesanato, a religião e o paganismo se fundem para facilmente dar a conhecer os valores desta civilização que, apesar de ter tido uma passagem tão breve, deixou marcas tão profundas e move o dia a dia das gentes peruanas até aos dias de hoje. Toda a sabedoria agrícola e medicinal deixada pelos Incas é hoje usada na medicina tradicional que se intitula de Triologia Inca - simbolizada pelos Puma, Condor e Serpente. Ou seja, nas ruas existem as cruzes verdes para sinalizar as farmácias equiparadas às europeias, e as Incas, que têm o símbolo com os três animais.
    O estômago ainda não aguenta grandes aventuras, o frio pede também aconchego e todos os restaurantes têm um leque variado de sopas que vai desde a canja de galinha, que aqui se chama dieta de pollo, passando pela sopa de vegetais com quinoa, até aos cremes de milho, cogumelos ou espargos. Diga-se que uma sopa é aqui suficiente para uma refeição.
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  • Hari 24

    Perú, Pisac e Ollantaytambo

    21 Ogos 2018, Peru ⋅ ⛅ 14 °C

    O carro foi fácil de tratar, mas os primeiros metros seriam embaraçosos se estivéssemos na Europa. Não soubemos desligar o alarme que se armou quando fomos pegar as malas ao hostel. Tivemos que regressar à agência para saber o que fazer. Entretanto fomos circulando ao som de uma sirene igual à da polícia. Aqui, ninguém quis saber. Todos os condutores apitam por tudo e por nada e o som é de tal forma habitual que, mais sirene, menos sirene, não faz diferença.
    Quando finalmente estamos preparados vamos parando e aprendendo nos vários sítios arqueológicos - Sacsayhuaman, o templo fortaleza; Qenqo, o templo das oferendas, sacrifícios e mumificações; Tambomachay, as termas onde se retemperava o corpo; Puka Pukara, a fortaleza vermelha que vigiava Cusco e as termas para onde iam as classes mais elevadas e protegiam ambos os locais de eventuais ataques. De carro é fácil gerir o tempo, especialmente se se tiver algum conhecimento prévio do que se está a visitar, uma vez que a informação no local é escassa. No entanto, é muito interessante ouvir as histórias que os guias que se encontram à entrada têm para contar. Podem contratar-se à parte do preço do bilhete de entrada e fazer um percurso pausado. Para quem tem muito tempo e muita paciência é uma boa opção porque aqui o tempo corre mais lento e as histórias são contadas detalhada e lentamente.
    Uma paragem estratégica em Pisac para repor energias faz-nos passar obrigatoriamente pelo mercado de artesãos. Lindo! O colorido e os apelos dos vendedores fazem lembrar Marrocos, com as suas cavernas de Ali Babá, mas os cheiros não são os mesmos. Aqui cheira a lã. Algumas mulheres, com os seus trajes coloridos e os seus engraçados chapéus, onde parecem ter naperons pousados, carregam lamas bebés e os seus próprios filhos às costas, num pano colorido habilmente atado para que permaneçam confortáveis. Vão perguntando distraidamente aos turistas se querem tirar fotos. É uma fonte de rendimento, claro. Tudo é muito barato para nós. Uma água custa normalmente 1 sole - 0.20€. O almoço é frugal mas delicioso: empanadas acabadas de sair do forno com uma chicha morada - bebida sem álcool feita a partir de milho vermelho - maravilhosa.
    Resolvemos avançar as ruínas de Pisac para podermos ver ainda Ollantaytambo ao pôr-do-sol. É assim foi. Um fim de tarde ventoso numa cidade onde a parte antiga está muito bem preservada. Apesar de ser muito direcionada para o turismo em volta das ruínas da cidade Inca e de ser um dos pontos de partida de várias categorias de comboios para Machu Picchu, a cidade é dos habitantes locais que prontamente se fazem ao comércio para todos - locais e turistas. Decidimos deixar as ruínas para a manhã seguinte e vamos até à estação de caminhos de ferro para apreciar a chegada de um dos comboios que regressam de Águas Calientes - cidade de apoio ao turismo em Machu Picchu. Os bilhetes vão dos 33$, partindo de Hidroeléctrica até Águas Calientes, até aos 1000$ fazendo a viagem Cusco - Águas Calientes. Não sabíamos da existência do primeiro comboio, mas optámos por usá-lo no dia seguinte, poupando uma caminhada de doze quilómetros e fôlego para a subida de 700m de altitude na montanha Machu Picchu.
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  • Hari 25

    Perú, Abra Málaga e Águas Calientes

    22 Ogos 2018, Peru ⋅ ⛅ 20 °C

    O B&B onde ficamos é novo e tem vista para as ruínas de Ollantaytambo. É a cinco minutos a pé. Tiramos vantagem disso e fomos os primeiros a entrar no recinto às sete da manhã. A luz é perfeita e pudemos ver o nascer do sol dentro da cidadela. A organização do espaço é, mais uma vez, espantosa, reveladora de uma civilização evoluída e com hábitos de higiene e saúde avançados. Os banhos, a orientação solar das casas, a diversificação das culturas agrícolas e o estudo que faziam dos alimentos que comiam era invulgar numa América do Sul onde as tribos ainda proliferavam e mantinham os seus hábitos de caçadores-recolectores.
    O resto do dia foi para encher olhos e barriga de paisagem andina em que variamos de altitude desde os 2900 metros de Ollantaytambo, passando pelos 4318m do passe de montanha de Abra Málaga, até ao clima subtropical de Urubamba e Águas Calientes nos seus 2000 m. Os últimos 33kms são em terra batida e demoram 1.30min a fazer, o que faz com que se aprecie a paisagem ainda com maior intensidade, atenção e respeito. A estrada é na escarpa da montanha.
    A viagem de comboio que completou o dia foi de apenas 12 kms mas de infinita beleza por entre a selva e as montanhas magestosa. O linha férrea segue o curso do rio e os espelhos de água, as cascatas e os grandes aglomerados de rochas polidos pela erosão provocada pela água é visível em quase todo o percurso. Há lugar para ahs e ohs de surpresa e rendição à paisagem.
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  • Hari 26

    Perú, Machu Picchu e Santa Teresa

    23 Ogos 2018, Peru ⋅ ⛅ 19 °C

    E chegou o tão esperado dia de Machu Picchu. O turno que escolhemos foi o da manhã. Por isso, às 4:30 já estávamos a caminhar para apanhar o autocarro de Águas Calientes para o recinto das ruínas - cerca de 12kms. Entram 6000 pessoas por dia, divididas em dois turnos. Nós escolhemos subir a montanha que dá nome ao sítio. Sim, porque a cidade em si ninguém sabe que nome tinha. É uma subida íngreme de 700m de desnível. Cansativo, mas compensador. Ver as nuvens a dissiparem-se e a cidade irromper da bruma é uma sensação indescritível. É como se fosse uma aparição. Consigo imaginar a perplexidade de Birgham ao descobrir a cidadela.
    Também me é fácil imaginar o esforço e sofrimento dos construtores da cidade.
    Depois de descermos a montanha ouvimos a descrição de um guia acerca de factos sobre o local. Há vários estudos feitos e parece ter-se concluído que este era um lugar de estudiosos. Aqui era feita a pesquisa para o avanço da agricultura e técnicas de arquitetura e eram também feitas as abordagens às tribos circundantes para a sua conversão ao mundo Inca. Às tribos eram oferecidas estas mesmas técnicas, sementes dos mais variados vegetais e raízes e o tão famoso cuy - porquinho-da-índia - que era e é base da alimentação proteica no Perú. Em troca, os Incas passavam a administradores do território. Estas conquistas eram eficazes porque as tribos eram bastante primitivas, mas o esforço despendido era elevado uma vez que a Cordilheira dos Andes tem montanhas muito íngremes que levavam dias a ultrapassar, a pé, claro, apenas com a ajuda dos pequenos camelídeos - lamas, vicunas e outros dentro da espécie.
    O complexo demonstra claramente a diferença entre os templos e as habitações normais. As paredes dos templos têm uma técnica de construção mais cuidada em que os blocos de pedra são gigantescos, muito polidos e numa pedra de tom mais rosado. A cidade extinguiu-se aparentemente de uma forma natural. Talvez pelo seu isolamento, talvez porque a guerra se instalou e os espanhóis foram mais agressivos do que os Incas esperavam, as pessoas que aqui viveram foram morrendo e ninguém regressou para tomar conta da cidade. A natureza cumpriu o seu papel e cobriu a cidade com o seu manto verde. Há um bloco de granito gigante que foi deixado no local onde o fragmentavam tirando partido das diferenças de temperatura do dia para a noite na região associada à aplicação de fogo e água para acelerar o processo. Fogo de dia para aumentar o calor e a dilatação e água de noite, que congelava e fragmentava a rocha nos pontos que pretendiam. Eram depois polidas com uma rocha mais dura - rocha com alto teor de ferro - e levadas para o local de construção como se fosse um puzzle. É mesmo verdade que não se consegue fazer passar nada entre as duas rochas. As paredes tinham dupla face, à exceção dos templos em que os blocos são massivos e maciços. Os deuses mereciam mais do que os humanos.
    Seriam necessários pelo menos três dias para fazer todo o circuito interno calmamente e explorar todos os pontos. Para além da montanha Machu Picchu, também é possível subir as escadas e construções de Wayna Picchu ou fazer a caminhada até às Portas del Sol - entrada dos caminhantes vindos de Cusco pelo Vale Sagrado - mas cada uma destas visitas dentro do complexo demora ceca de três horas e um grande dispêndio de energia.
    Para nós, essa energia é usada na caminhada de volta a Hidroelétrica. São duas horas e meia de caminhada ao longo do caminho de ferro. Desta vez temos tempo para parar e contemplar a flora e o rio com calma. Passamos por muitos caminhantes de todas as idades. Às vezes até famílias completas.
    Mas o dia só acaba em Santa Teresa, nas piscinas de água quente, onde todos os músculos doridos da caminhada de vinte e cinco quilómetros relaxam a trinta e quarenta graus de temperatura!
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  • Hari 27

    Perú, Moray e Maras

    24 Ogos 2018, Peru ⋅ ☀️ 21 °C

    O caminho de volta de Santa Teresa para Cusco é mais ou menos nosso conhecido. Até Ollantaytambo já o tínhamos percorrido na direção oposta. Um pouco antes de lá chegarmos paramos um pouco e... bolas... um pneu furado. No fim do dia, este pneu custou-nos um pneu novo e horas de luz para vermos Moray com a calma de que gostamos. Mas, paragem feita em Ollantaytambo para regatear um gorro para trazer de recordação e reaver a mala que tínhamos deixado no hostel, fizemonos ao caminho para as minas de sal de Maras. A água percorre a montanha internamente e leva o sal para as salinas preparadas em socalcos na encosta da montanha. O caminho de Maras para Moray é rico em paisagens e pessoas. É aqui que vemos o Perú rural onde as crianças rolam no chão com os animais e as mulheres usam chapéus altos parecidos com os das bolivianas. Estes porém, já não ficam encarrapitados nas cabeças e nem todos são escuros. Algumas mulheres usam chapéus brancos que mostram exatamente onde são tocados diariamente com as mais de manusear a terra vermelha. É um fim de dia fantástico em tons de rosa e vermelho onde de quando em vez se vê o cume dos Andes cheio de neve.Baca lagi

  • Hari 28

    Equador, Guayaquil

    25 Ogos 2018, Ecuador ⋅ ☁️ 25 °C

    Guayaquil surpreende pela sua zona ao longo do rio. Faz lembrar um pouco o nosso Parque das Nações em Lisboa. Tem zonas de diversões, um centro comercial, uma roda mais ou menos gigante, um museu de arte e é aqui que a classe média se passeia, numa rotina que se assemelha um pouco aos EUA. Ao fundo, o famoso colorido bairro de bares noturnos que aparece em todas as brochuras promocionais da cidade, ou abre qualquer site na internet sobre a cidade - Las Peñas.
    Há, no entanto, algo muito diferente dos EUA e da Europa. Esta área tem uma vedação alta e está pejada de seguranças e polícia. Os vendedores ambulantes que apregoam todo o tipo de bebidas e comidas não têm aqui entrada, mas encontram o seu caminho subindo a vedação equilibrando cargas consideráveis na cabeça. Os mais espantosos são os vendedores de maçãs caramelizadas. É extraordinária a sua destreza e equilíbrio.
    Fora deste espaço esta é uma zona de mercados de produtos de toda a espécie com proveniência quase certa do mais famoso fornecedor mundial - a China. É sábado e à medida que os mercados fecham, o lixo acumula-se nas ruas que pouco a pouco ficam desertas. É num autocarro com um condutor louco que regressámos ao hotel próximo do aeroporto para embarcar cedo no dia seguinte para as ilhas Galápagos.
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  • Hari 29

    Equador, Galápagos, Santa Cruz

    26 Ogos 2018, Ecuador ⋅ ⛅ 26 °C

    A nossa chegada nas Galápagos teve algumas surpresas. A partir do mês de agosto as regras mudaram um pouco, o que significou que se passou a pagar mais do que era norma. Os transportes de e para o aeroporto são estranhos. Os taxistas ficam a ganhar nesta confusão organizada. Paga-se cinco dólares para o trajeto aeroporto Canal - estes 5km eram grátis - mais um dólar para o táxi aquático que atravessa o canal, mais cinco dólares para os quarenta quilómetros entre o canal e Puerto Ayora. O regresso só é igual se o voo for de manhã. Caso contrário tem que se pagar vinte e cinco dólares por um táxi, mais o táxi aquático e o autocarro até ao aeroporto... É sempre a somar!
    Mas tudo o que se desfruta nas ilhas compensa o excesso financeiro. Nos primeiros metros em terra vemos logo uma pachorrenta iguana terrestre a atravessar a estrada. O condutor do autocarro, habituado a estas lides, para e deixa um guia sair. Este, por sua vez, pacientemente exorta a bicharoca a sair do caminho. Chegados ao pequeno molhe de travessia do canal um pelicano faz uma demonstração cinematográfica de como apanhar peixe e sacudi-lo no saco do seu papo antes de o engolir vivinho da Silva.
    O alojamento em Santa Cruz é magnífico. É um mini apartamento com todo o conforto que teria escolhido se fosse eu a desenhá-lo.
    Não ficamos muito tempo a contemplá-lo porque a ilha tem muito para dar. Caminhámos até ao cais de embarque onde imediatamente nos deparamos com sonolentos leões-marinhos a apanhar banhos de sol. Apanhámos um táxi aquático que demorou três minutos a deixar-nos do outro lado da baía para irmos até às Grietas, passando pela Praia dos Alemães e pelas Salinas. A ilha não se parece com nenhum sítio onde já tivesse estado. É preta, áspera, a vegetação é seca e agreste. Parece que caminhámos por cima de um vulcão numa expedição da National Geographic. É um sítio de uma beleza estranha. Numa curva do caminho lá está ele. O mar azul coral do Pacífico numa baía protegida pelo mangal. A areia parece farinha, de tão fina e branca que é. Mas continuamos até às Grietas. É uma fissura profunda entre correntes de lava endurecida onde a água do mangal e do oceano se encontram e servem de refúgio para peixes coloridos e refresca quem mergulha nestas águas absolutamente transparentes. Parecemos crianças maravilhadas por poder fazer parte do mundo das leituras dos contos de fantasia. De regresso paramos numa baía rochosa cheia de caranguejos de carapaça vermelha e barriga azul-clara. Estás cores não me parecem reais de tão perfeitas que são. A cada novidade paramos e absorvemos lenta e avidamente toda esta natureza que nos invade e preenche.
    O nosso anfitrião tinha-nos sugerido que fôssemos jantar a Lis Kioskos. É uma rua que fecha à noite cheia de restaurantes com esplanadas montadas na própria rua. Neste dia as ofertas, para além da carta, são peixe bruxo, bacalhau fresco e lagosta. Todos a vinte dólares por cada duas pessoas. Avançámos numa lagosta a la plancha que nos soube pela vida.
    Estando finalmente ao nível do mar, é possível dormir uma noite sossegada sem a altitude a massacrar o corpo. Mais uma maravilha das Galápagos!
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  • Hari 30

    Equador, Galápagos, Santa Cruz e Isabell

    27 Ogos 2018, Ecuador ⋅ ⛅ 26 °C

    A manhã foi dedicada a Darwin. O centro com o seu nome alberga tartarugas e iguanas terrestres. É um sítio onde se pode aprender sobre os animais das diversas ilhas e também sobre o desenvolvimento do pensamento científico de Darwin. É um sítio de proteção das espécies. Com a chegada dos espanhóis vieram também animais que não eram pertencentes às ilhas. Os que mais dano causaram foram as ratazanas. Em algumas ilhas mais pequenas foi possível eliminá-las, mas nas maiores não há como fazê-lo. A solução foi recolher os ovos das tartarugas gigantes e trazê-los para este centro que serve de incubadora e berçário até aos três anos de vida. A partir daí elas já conseguem sobreviver sozinhas e são recolocadas nas ilhas de origem. É um sítio interessante para se passar um pouco da manhã. No caminho de regresso, no cais dos pescadores, apesar de já ser tarde e o espetáculo ser mais deslumbrante quando o peixe fresco chega, ainda vemos os leões marinhos junto das vendedoras. Um deles está tão alinhado com uma das mulheres que parece saber do negócio também. Os pelicanos também rondam a ver se lhes calha alguma coisa e as iguanas marinhas espraiam-se ao sol.
    Mas a bela ilha Isabella espera por nós. Depois de duas horas de lancha rápida, que podem ser de grande aventura ou tortura, de acordo com os estômagos, as iguanas alinham-se à nossa espera no simples cais de chegada. Esta ilha é mais simples, mais selvagem e os simpáticos equatorianos que gerem o Hostal Muro de Lágrimas prontamente nos dão dicas para irmos ver a reserva de flamingos e tartarugas gigantes a dez minutos a pé. É quase pôr-do-sol e os flamingos têm um rosa mais intenso. Misturam-se outras aves nesta zona de salinas. Um passadiço de madeira serpenteia pela salina e pelo mangal e vai deixando ver as Opuntias Gigantes nas parte áridas do percurso. É um sítio mais verde do que Santa Cruz.
    A praia é a menos de cem metros do hotel e do nosso quarto conseguimos ouvir o marulhar das ondas e o vento nas palmeiras. O dono do hostal não para de nos oferecer das suas bananas orgânicas e explica-me como se faz nos bananais do Equador continental onde as avionetas com pesticidas passam para deixar o veneno que mata os parasitas e, aos poucos, as pessoas. Gosta desta ilha onde tudo é natural. Vai dando dicas do que podemos fazer na ilha para a aproveitarmos ao máximo. Reclinamos a ideia da escalada ao vulcão - já o tínhamos feito em Tenerife e eu no Faial... mas aproveitamos as ideias do mergulho. Nessa noite também jantámos em restaurante esplanada, mas aqui tudo recolhe cedo depois do jantar. E nós também.
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  • Hari 31

    Equador, Galápagos, Isabella

    28 Ogos 2018, Ecuador ⋅ ⛅ 23 °C

    O dia começou um pouquinho nublado, variou para aquilo que os Galapenhos chamam de garoa e abriu num sol quente equatorial, para acabar ventoso e com nuvens cinzentas mas sem chuva. A temperatura só muda quando está vento. Caso contrário, mantém a humidade e o calor.
    Mas o principal não é isso. Hoje decidimos explorar a cidade para decidir o que fazer na ilha. Já tínhamos pensado em snorkelling, mas faltava-nos saber horas e preços. Optamos por fazer o tour das Tintoreras. Em apenas três horas fizemos uma caminhada pela ilhota que é uma colónia natural de iguanas e leões marinhos, avistámos do barco pinguins das Galápagos e os pássaros de patas e bico azul - por causa da sua dieta de sardinhas - e fizemos snorkelling no recife. O coração quase me saía pela boca quando vi passar por baixo de mim um tubarão. Inexplicável! Daí a pouco uma raia e milhares de peixinhos coloridos de todas as formas e tamanhos. Do barco, no ancoradouro e da ilhota avistamos também tartarugas marinhas. Algumas pessoas viram-mas também enquanto mergulhávamos. Eu não.
    À tarde fizemos uma longa caminhada pela praia. A ilha não para de nos surpreender. As fragatas - pássaros com o papo vermelho - e os pelicanos voam por cima de nós. Pequenas andorinhas marinhas e pássaros de longos bicos castanhos ou vermelhos correm desenfreadamente pela areia lavada pelas ondas e na água, mesmo à beira mar, vemos pequenas raias que parecem querer desafiar o risco de ficar a seco se uma onda não as vier buscar de volta. Já ao por do sol conhecemos o verdadeiro surfista. Um leão marinho brincalhão mergulha e fira ondas ou deixa-se levar por elas. Aqui conheci o verdadeiro sentido do que é ser extraordinário. Iguanas com ar dinossáurico passeiam-se a absorver os raios de sol na pedras negras de lava até ao último minuto de calor e a ilha continua o seu ritmo próprio sem grandes desafios aparentes, mas de uma exigência de sobrevivência extrema.
    Para nós, no entanto, é fácil acabar o dia a comer relaxadamente um bom bife de atum num simpático menu de oito dólares - talvez a única coisa barata aqui nas ilhas...
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